Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Crónicas do Professor Nuno Sotto Mayor Ferrão

Crónicas que tratam temas da cultura, da literatura, da política, da sociedade portuguesa e das realidades actuais do mundo em que vivemos. Em outros textos mais curtos farei considerações sobre temas de grande actualidade.

Crónicas que tratam temas da cultura, da literatura, da política, da sociedade portuguesa e das realidades actuais do mundo em que vivemos. Em outros textos mais curtos farei considerações sobre temas de grande actualidade.

Mais sobre mim

foto do autor

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Links

www.mil-hafre.blogspot.com

www.cortex-frontal.blogspot.com

www.duas-ou-tres.blogspot.com

www.novaaguia.blogspot.com

www.bichos-carpinteiros.blogspot.com

www.fjv-cronicas.blogspot.com

www.sorumbatico.blogspot.com

www.almocrevedaspetas.blogspot.com

www.ladroesdebicicletas.blogspot.com

Perfil Blogger Nuno Sotto Mayor Ferrão

www.centenario-republica.blogspot.com

Centenário da República

Ericeira

Origem das espécies de Francisco José Viegas

Almanaque Republicano

Fundação Calouste Gulbenkian

Centro Cultural de Belém

Blogue Biblioteca Escolar - Agrupamento Damiao de Góis

Biblioteca Nacional

Fundação Mário Soares

Arrastão

Centro Nacional de Cultura

Arquivo Nacional da Torre do Tombo

Academia das Ciências de Lisboa

Cinemateca de Lisboa

Ministério da Cultura

Restaurante - Lisboa

Turismo Rural

Museu da Presidência da República

Site Divulgar blog

Memória Histórica do Holocausto

Dados estatísticos nacionais

Blogue Helena Sacadura Cabral

Comunicação Social da Igreja Católica

Economia e História Económica

Blogue - Ana Paula Fitas

Sociedade Histórica da Independência de Portugal

Literatura - infantil e/ou poética

Biblioteca e Arquivo José Pacheco Pereira

José Saramago - Fundação

Escritora Teolinda Gersão

Escritor António Lobo Antunes

Comemoração do Centenário da República

Museu Nacional de Arte Antiga

Museu do Louvre - Paris

www.industrias-culturais.blogspot.com

Artes Plásticas e Poesia - blogue

Albergue Espanhol - blogue

Actualidades de História

Arte Contemporânea - Fundação Arpad Szenes Vieira da Silva

Literatura - edições antigas

Carta a Garcia - blogue

Blogue da Biblioteca do ISCTE

Crónicas do Rochedo

Lusitaine - blogue

Leituras - livros e pinturas

História do século XX - site espanhol

Associação Cultural Coração em Malaca

Objectiva Editora

Lista de Prémios Nobéis

Perspectivas luso-brasileiras

Análise política - blogue

Arte e Cultura no Brasil

Exposição Viva a República

Revisitar Guerra Junqueiro

História da Guerra Colonial

Prémio Nobel da Literatura 2010

Sociedade de Geografia de Lisboa

Academia Portuguesa da História

Associação 25 de Abril - Centro de Documentação

Casa Fernando Pessoa - Lisboa

Associação Agostinho da Silva

Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

Aministia Internacional

UNESCO

Blogue de Estudos Lusófonos da U. Sorbonne

Entre as brumas da memória - blogue

Comunicação Social - Nacional e Estrangeira

Acordo Ortográfico - Portal da Língua Portuguesa

Países Lusófonos

Margens de erro - blogue

Museu do Oriente

Fotografias Estéticas de Monumentos do Mundo

Monumentos Classificados de Portugal

Mapas da História do Mundo

Informações sobre a União Europeia

Biblioteca Digital do Alentejo

Instituto Nacional de Estatística

Vidas Lusófonas da autoria de Fernando da Silva

Programa televisivo de Cultura

Quintus - Blogue

Fundo bibliográfico dos Palop

Instituto Camões

Museu do Fado

Livraria Histórica e Ultramarina - Lisboa

Reportório Português de Ciência Política - Adelino Maltez

Acordo português com a troika - Memorando de entendimento

Programa do XIX Governo Constitucional da República Portuguesa

Real Gabinete Português de Leitura (Rio de Janeiro)

Bibliografia sobre a Filosofia Portuguesa

Fundação Serralves - Arte Contemporânea

Casa da Música

Portal da Língua Portuguesa

Canal do Movimento Internacional Lusófono

Escritas criativas

Círculo Cultural António Telmo

Revista BROTÉRIA

Desporto e qualidade de vida

Turismo Rural

Município de Ponte de Lima

+ Democracia

I Congresso da Cidadania Lusófona

Organização - I Congresso da Cidadania Lusófona 2,3 abril 2013

Grémio Literário - Lisboa

SP20 Advogados

Zéfiro

Divina Comédia Editores

Hemeroteca Digital de Lisboa

National Geographic

Sintra - Património Mundial da Humanidade

Sinais da Escrita

Classical Music Blog

Open Culture

António Telmo – Vida e Obra

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

British Museum

Université Sorbonne

Museu Guggenheim - Veneza

Universidade de Évora

Biblioteca Digital

Universidade Católica Portuguesa

Biblioteca do Congresso dos EUA

Biblioteca de Alexandria – Egito

Oração e Cristianismo

Notícias e opiniões

PAPA PAULO VI (1963-1978) - O SEU PAPEL DE MODERADOR INTERNACIONAL E NA RENOVAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA

 

 

 

PAPA PAULO VI NO SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA (1967)

« ORAÇÃO A CRISTO »

“Ó Cristo, nosso único medianeiro.

Tu és necessário: para entrarmos em comunhão com Deus Pai; para nos tornarmos conTigo, que és Filho único e Senhor nosso, seus filhos adoptivos; para sermos regenerados no Espírito Santo.

Tu és necessário, ó único verdadeiro mestre das verdades ocultas e indispensáveis da vida, para conhecermos o nosso ser e o nosso destino, o caminho para o conseguirmos.

Tu és necessário, ó Redentor nosso, para descobrirmos a nossa miséria e para a curarmos; para termos o conceito do bem e do mal e a esperança da santidade; para deplorarmos os nossos pecados e para obtermos o seu perdão.

Tu és necessário, ó irmão primogénito do género humano, para encontrarmos as razões verdadeiras da fraternidade entre os homens, os fundamentos da justiça, os tesouros da caridade, o sumo bem da paz.

Tu és necessário, ó grande paciente das nossas dores, para conhecermos o sentido do sofrimento e para lhe darmos um valor de expiação e de redenção.

Tu és necessário, ó vencedor da morte, para nos libertarmos do desespero e da negação e para termos certezas que nunca desiludem.

Tu és necessário, ó Cristo, ó Senhor, ó Deus connosco, para aprendermos o amor verdadeiro e para caminharmos na alegria e na força da tua caridade, ao longo do caminho da nossa vida fatigosa, até ao encontro definitivo conTigo amado, esperado, bendito nos séculos.”

                                                                                                                                                                    Papa Paulo VI, Oração a Cristo

 

O Papa Paulo VI (1897-1978) foi um sacerdote italiano que subiu ao topo da hierarquia da Igreja Católica a 21 de junho de 1963, sucedendo ao Papa João XXIII na missão de concluir os trabalhos do Concílio Vaticano II.

 

Foi um membro ativo da administração do Estado do Vaticano e, apenas, foi chamado para uma missão pastoral em 1954 quando foi nomedado Arcebispo da Arquidiocese de Milão. A escolha do nome de Paulo para o seu pontificado é indicativa da sua vontade de levar a mensagem de Cristo para fora da esfera das regiões fortemente cristianizadas.

 

Afirmou-se como devoto mariano e a esse título visitou o Santuário de Nossa Senhora de Fátima a 13 de maio de 1967, no cinquentenário das Aparições. Nos anos do seu pontificado, o mundo assistiu ao fim do processo descolonizador e ao início das perversas teias do neocolonialismo, o que o fez criticar a atitude das potências industrializadoras face à indigência dos países pobres, ditos, na altura, países do Terceiro Mundo.

 

O seu magistério passou por duas importantes encíclicas (Humanae Vitae e Popularum Progressio) em que defendeu os malefícios da regulação da natalidade por métodos artificiais e a necessidade da política, no contexto da guerra fria, procurar ser equidistante das doutrinas socialista e capitalista que estavam a minar o mundo com o rastilho de ódios, tensões e conflitos internos e externos.

 

Tornou-se sacerdote em 1920 e prosseguiu os seus estudos eclesiásticos em Universidades romanas. Após uma talentosa carreira administrativa no Estado do Vaticano foi chamado pelo Papa Pio XII para o cargo de Arcebispo de Milão e, em 1958, foi elevado à dignidade de cardeal.

 

Em função da morte do Papa João XXIII foi eleito Papa em junho de 1963, tendo sido pioneiro nas viagens aéreas pontíficias ao compreender a importância da unidade espiritual da Humanidade para a paz mundial, pelo que ficou conhecido como o “Papa peregrino”, tal como, mais tarde, o Papa João Paulo II. Daí que, a 4 de outubro de 1965, se tenha dirigido à Assembleia Geral das Nações Unidas por, na sequência das conclusões conciliares do Vaticano II, ter percebido a relevância das questões internacionais para a reevangelização do mundo.

 

Nos vigésimo aniversário da ONU dirigiu-se a esta instituição internacional congratulando-se com os esforços envidados para garantir a paz no mundo e tentar travar as ameaças frequentes de guerra. Foi, também, um implementador do princípio do ecumenismo ao encontrar-se com dirigentes da Igreja Anglicana e das Igrejas Ortodoxas orientais.

 

O Papa Paulo VI liderou a Igreja Católica num mundo em mudança de paradigma dos valores sociais e presidiu à revisão da liturgia Católica procedente do Concílio Vaticano II. O reconhecimento do mérito do seu pontificado está na sua beatificação que se iniciou em 1993 e terminou em outubro de 2014 com o Papa Francisco.

 

Na Encíclica Popularum Progressio escrita em 1967 por Paulo VI em plena expansão do capitalismo, no contexto da guerra fria, critica o liberalismo por ser insuficiente nas relações internacionais de comércio, sendo gerador de gritantes injustiças sociais a que Ciências Sociais deram o nome de “neocolonialismo”.

 

Para Paulo VI a liberdade económica, que começava a ser erguida como panaceia para o desenvolvimento dos povos, na sua acepção da Doutrina Social da Igreja, era claramente insuficiente para o desenvolvimento integral da pessoa humana e dos povos[i].

 

Com grande acutilância de entendimento do que veio a ser a conjuntura das relações internacionais na transição do milénio, considerava que o comércio internacional devia ser regulado pela Ética. Na verdade, percebeu, avant la lettre, alguns dos malefícios decorrentes de um mundo a caminho da consumada globalização quando reconheceu que muitos dos jovens que saíam para o estrangeiro, dos seus países menos desenvolvidos, perdiam os valores espirituais das suas pátrias.

 

Deste pertinente ponto de vista, o diálogo de Civilizações não podia cingir-se às trocas comerciais e tecnológicas, porque se pretende um desenvolvimento integral do ser humano, integrador das esferas espirituais e morais e não unicamente económicas.  

 

Nuno Sotto Mayor Ferrão

 

[i] “Populorum Progressio – Carta Encíclica de Sua Santidade o Papa Paulo VI”, in Desenvolvimento e Solidariedade – Popularum Progressio, vinte anos depois, Lisboa, Rei dos Livros Editores, 1987, pp. 83-105.

 

 

 

A ATUALIDADE DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA NO CONTEXTO DA GLOBALIZAÇÃO (I)- AS RAÍZES HISTÓRICAS DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA

 

“(…) A crise financeira que atravessamos faz-nos esquecer que, na sua origem, há uma crise antropológica profunda: a negação da primazia do ser humano. (…) A crise mundial (…) e sobretudo a grave carência de uma orientação antropológica que reduz o ser humano apenas a uma necessidade das suas necessidades: o consumo. (…) Exorto-vos a uma solidariedade desinteressada e a um regresso da economia e das finanças a uma ética propícia ao ser humano. (…) Em muitos países, a globalização comportou uma acelerada deterioração das raízes culturais com a invasão das tendências pertencentes a outras culturas, economicamente desenvolvidas mas eticamente debilitadas. (…)”

Papa Francisco, A Alegria do Evangelho – Exortação Apostólica ‘Evangelii Gaudium’, Prior Velho, Paulinas Editores, 2013, pp. 44,45, 46, 48 e 49

 

Na História da Igreja Católica, durante o século XIX, a Doutrina Social da Igreja criticou os excessos do Socialismo e do Liberalismo. Com efeito, o movimento social cristão surgiu, ainda na primeira metade do século XIX, como uma resposta caritativa a um liberalismo socialmente pouco responsável para com os trabalhadores das indústrias. Nesta época, diferentes pensadores criticaram a ordem liberal como socialmente injusta, tendo-se destacado figuras como Hughes Lamennais e Charles de Coux como mentores de um liberalismo católico e, em particular, a sociedade francesa que, desperta para esta problemática, viu aparecer, na década de 1870, o sindicalismo cristão.

 

Em consequência da ação caritativa do movimento social cristão europeu, irá nascer a meditação que dará azo à germinação da Doutrina Social da Igreja. Assim, na década de 1880, o pensamento social cristão foi ganhando bases com a constituição de diversos grupos de estudo da problemática operária: Friburgo, Roma, Francoforte e Paris. No ano de 1848, em que Karl Marx e Friedrich Engels escreveram o Manifesto do Partido Comunista, o bispo de Mogúncia, Von Ketteler, pronunciou sermões de exaltação da necessidade de encontrar condições de trabalho mais dignas para os operários, tendo-se tornado inspiradores da Doutrina Social da Igreja. 

 

Assim, no contexto da edificação da sociedade industrial, o Papa Leão XIII, na sua encíclica Rerum Novarum, em 1891, criticou os excessos das propostas de Karl Marx e as insuficiências das estruturas do capitalismo industrial, na resolução de candentes problemas operários. Deste modo, esta encíclica constituiu um marco fundamental da Doutrina Social da Igreja mas não o seu início. Neste documento papal, sustentou-se a necessidade do Estado proteger os operários, a necessidade de uma retribuição salarial digna para os operários e a importância da criação de associações mistas de operários e patrões que dialogassem no sentido de se evitar a luta de classes propalada por Karl Marx[1].

 

No desenrolar de várias décadas do século XX, alguns Papas como Pio XI, no contexto da crise do Capitalismo dos anos 30, verberaram nos excessos do Liberalismo económico o empolamento do papel do individualismo e das leis absolutas do mercado livre, que conduziram o mundo ao abismo laboral da crise capitalista e aos nefandos totalitarismos e, mais tarde, Paulo VI, na conjuntura do antagonismo ideológico da guerra fria, criticou também a ganância como um entrave à paz internacional. Nesta dialética histórica, a Doutrina Social da Igreja tem procurado encontrar um ponto de equilíbrio para que as coletividades possam crescer num senso ético rumo ao bem comum.

 

Na época contemporânea, a Igreja Católica tem edificado um forte legado teórico de Doutrina Social da Igreja com a intervenção atenta dos Papas, desde 1891 à atualidade, face às angustiantes situações sociais criadas pelas sociedades industriais e pós-industriais.

 

Em 1967, o Papa Paulo VI, na encíclica Popularum Progressio,criticou, em pleno contexto da guerra fria e da afirmação exultante do bloco capitalista liderado pelos EUA, a obsessão com o liberalismo económico como um entrave iniludível ao desenvolvimento integral do Homem e à paz internacional. Salienta-nos, nesta crítica ao sistema do capitalismo liberal, que a preocupação com o máximo lucro faz olvidar a necessidade de servir o Homem.

 

Paulo VI acrescenta também, com grande atualidade, que o trabalho excessivamente organizado, por razões de mera eficiência, pode levar à nociva escravização do Homem. Deste modo, nesta encíclica ressalta que uma sociedade liberal não gera necessários equilíbrios sociais, dado que os mecanismos da iniciativa individual e da concorrência se revelam insuficientes e tornam-se necessários poderes públicos fortes, para a plena concretização do bem comum. Assim, Paulo VI, com forte sentido premonitório, alertava para o facto da predominância da tecnocracia e da economia nas sociedades do século XX terem de estar ao serviço do Homem. Nesta crítica salienta-nos, sabiamente, Paulo VI este teor:

 

“(…) Infelizmente, sobre estas novas condições da sociedade, construiu-se um sistema que considerava o lucro como motor essencial do progresso económico, a concorrência como lei suprema da economia, a propriedade privada dos meios de produção como direito absoluto, sem limite e sem obrigações sociais correspondentes. Este liberalismo sem freio conduzia à ditadura denunciada com razão por Pio IX, como geradora do ‘imperialismo internacional do dinheiro’. Nunca será demasiado reprovar tais abusos, lembrando mais uma vez, solenemente, que a economia está ao serviço do homem. (…) Só a iniciativa individual e o simples jogo da concorrência não bastam para assegurar o êxito do desenvolvimento. Não é lícito aumentar a riqueza dos ricos e o poder dos fortes, confirmando a miséria dos pobres e tornando maior a escravidão dos oprimidos. (…) Economia e técnica não têm sentido, senão em função do homem, ao qual devem servir.(…)”[2]

 

Em 1979, João Paulo II, no primeiro ano do seu pontificado, criticou, na senda do espírito do Concílio Vaticano II, o progresso tecnológico desenfreado das sociedades contemporâneas que desumanizaram as vivências humanas. Salienta-nos que a evolução técnica e industrial do mundo contemporâneo tem conduzido o Homem a destruir a Natureza e não a preservá-la, como Deus nos ensinou.

 

Nesta lúcida meditação, filosófica e teológica, João Paulo II diz-nos que o desenvolvimento técnico da contemporaneidade não tem sido acompanhado por um correspondente desenvolvimento moral e ético do Homem e que, por essa razão, a vida surge desumanizada nas atitudes que assume. Deduz-se do seu pensamento que, a este nível, no sentido de se alcançar um desenvolvimento integral equilibrado, a Doutrina Social da Igreja pode ser uma resposta sensata a esta angústia existencial do Homem contemporâneo[3].

 

Francisco Sarsfield Cabral, no número de março de 2014 da Brotéria[4], sintetiza os custos sociais do atual progresso tecnológico, da informática e da robótica, receando, com base em estudos credenciados, a perda generalizada de muitos trabalhos e o aumento das desigualdades salariais em muitos países do mundo. Assim, a dinâmica entre o capital e o trabalho está a ser ganha, claramente, nos mercados financeiros globalizados por aquele fator económico. Enquanto as classes médias estagnaram, nas últimas décadas, até mesmo nos EUA os seus níveis de prosperidade, os gestores e os líderes sociais com grandes qualificações técnicas têm visto os seus rendimentos aumentarem vertiginosamente.

 

Com efeito, o drama desta recente tendência social reside no facto de se prever uma redução drástica de trabalhos das classes médias à custa dos progressos informáticos e da robótica, o que exige uma séria ponderação.

 


[1] D. Manuel Clemente, A Igreja no Tempo – História Breve da Igreja Católica, Lisboa, Grifo Editores, 2010, pp. 109-114.

[2] “Populorum Progressio – Carta Encíclica de Sua Santidade o Papa Paulo VI”, in Desenvolvimento e Solidariedade – Populorum Progressio, vinte anos depois, Lisboa, Rei dos Livros, 1987, pp. 72, 76 e 77.

[3] Papa João Paulo II, Carta encíclica Redemptor hominis (4 de março de 1979).

[4] Francisco Sarsfield Cabral, “Os custos do progresso tecnológico”, in Brotéria, vol. 178, março de 2014, pp. 257-262.

 

Nuno Sotto Mayor Ferrão (artigo com continuação - I Parte)

 



HISTÓRIA DO CONCÍLIO VATICANO II – AS DECISÕES ECLESIÁSTICAS DO CATOLICISMO (1962-1965) – EVOCAÇÃO DO SEU CINQUENTENÁRIO

 

Concílio Vaticano II

 

Papa João XXIII

 

No Cinquentenário do início do Concílio Vaticano II (1962-2012) convém recordar algumas linhas de força do pensamento da Igreja Católica nesta fase histórica de mudança. Com efeito, o Concílio Vaticano II tomou, nas suas sessões de 1962 a 1965, inúmeras decisões de cariz progressista, que procuraram responder aos ingentes desafios da Igreja Católica no contexto do mundo pós-2ª Guerra Mundial. A Igreja Católica teve de superar a tendência histórica clericalista, em que os membros eclesiásticos influenciavam as sociedades, pois muitos Estados tornaram-se laicos. Todavia, nas sociedades contemporâneas europeias, desde o século XIX, seguiu-se-lhe uma tendência antagónica, de veemente anticlericalismo, que pretendeu erradicar as tendências transcendentais das sociedades, em nome da superioridade da Razão científica face à Fé.

 

Deste modo, o Concílio Vaticano II continuou a aprofundar algumas questões emergentes no Concílio Vaticano I, mas patenteou a intenção de abrir a Igreja Católica ao mundo, no sentido de o libertar da autoridade clerical, subjacente à noção de dogma, e de enfatizar a importância dos aspetos pastorais. Segundo o entendimento conciliar de D. António Ribeiro, a Igreja Católica deve respeitar a autonomia do mundo no plano temporal, mas deve, também, fazer despertar as consciências cristãs para a imanência de Deus no plano espiritual[1]. Na opinião deste autor, decorrente do mandato conciliar, a Igreja Católica passou a ter por missão servir o mundo tecnicista da Era Urbana, humanizando-o[2] com a transmissão dos seus valores naturais e sobrenaturais através da intervenção dos leigos.

 

D. Manuel Clemente identificou, num estudo histórico[3], as principais linhas de fundo das decisões conciliares do Vaticano II. Neste estudo, considerou que a Igreja Católica, nos anos 20 e 30 do século XX, com o Papa Pio XI repudiou os fenómenos totalitários do Comunismo, do Fascismo e do Nazismo, através de diversos documentos públicos. Esta linha de procura da Igreja Católica de novos equilíbrios sociais, no mundo contemporâneo, mediante a intervenção no mundo laboral, foi decisiva com documentos do Papa João XXIII, do Concílio Vaticano II e do Papa Paulo VI, tendo-se equacionado orientações no sentido de compaginar, de forma harmoniosa, os Direitos Humanos com o Bem Comum.

 

Outro aspeto, que marcou a Igreja Católica Contemporânea, foi o espírito ecuménico, de busca de unidade das diferentes comunidades cristãs da Humanidade. Foi com este propósito que diferentes comunidades cristãs foram convidadas a enviarem os seus observadores ao Concílio Vaticano II, tendo a sessão inaugural sido presenciada por meia centena de observadores representantes de igrejas cristãs, não católicas (ortodoxos russos, protestantes, coptas e sírios). Este historiador afirma, também, que o Concílio Vaticano II conduziu o Catolicismo à aproximação a outras comunidades religiosas, não cristãs, e às comunidades dos cidadãos não crentes.


Outras propensões significativas da Igreja Católica Contemporânea, reforçada no contexto do Concílio Vaticano II, foram o desenvolvimento de cleros autóctones, de formas de expressão nativas e da crescente importância dada aos leigos na difusão da tarefa evangélica. Não obstante, D. Manuel Clemente sustentou a tese de que o Concílio Vaticano II foi o ponto de chegada de um longo processo histórico e não um momento de rutura da História da Igreja Católica. Elucida-nos, assim, o autor:

 

“(…) Designadamente desde Pio XI, a Igreja arrancou de vez para a resposta e o diálogo com o mundo e a cultura contemporânea. O Concílio Vaticano II não foi assim um começo, antes um ponto de chegada, ou de passagem para mais além. (…)”[4]  

 

O Concílio Vaticano II abriu o diálogo com as outras Igrejas Cristãs, num espírito ecuménico, e possibilitou um relacionamento tolerante com as outras religiões, numa tentativa de facilitar a paz no mundo, que tinha experienciado duas sanguinolentas guerras mundiais e presenciava o apreensivo contexto da guerra fria em que os temores de beligerância eram grandes. Nesta estratégia de concórdia religiosa, a Igreja Católica aceitou as tradições e rituais das Igrejas Orientais Católicas. Por outro lado, o Concílio instituiu o espírito ecuménico que conduziu o Catolicismo a aproximar-se das comunidades cristãs, não católicas, e à atitude de tolerância e de respeito pelas outras religiões. Para se cumprir esta finalidade ecuménica, os padres conciliares consideraram imprescindível a atuação consentânea da missionação e da comunicação social, junto das diferentes populações.

 

Na realidade, o Concílio Vaticano II procurou, no espírito ecuménico, aproximar e fazer dialogar as distintas Igrejas Cristãs, permitindo-as partilhar a ideia de que somos todos irmãos em Jesus Cristo, apesar das diferentes cisões históricas. Assim, o ecumenismo, baseado no diálogo e na mútua compreensão das comunidades cristãs, poderá ter sido a resposta mais ajustada e encontrada pelos padres conciliares, perante o latente ateísmo das sociedades contemporâneas, rumo a uma nova evangelização que as desperte para a importância da vida espiritual que está secundarizada pela mentalidade materialista[5].

 

O Papa João XXIII afirmou, no discurso de abertura conciliar, que a Igreja Católica não ia debater aspetos doutrinários, antes iria aprofundar aspetos metodológicos de abertura desta instituição espiritual e multissecular, às sociedades contemporâneas. Frisou que a nova pedagogia da evangelização implicava atitudes de Misericórdia, por parte da Igreja Católica, ao invés de atitudes severas de repressão, que não se constituem como meios de persuasão, numa conjuntura de desconfiança do mundo ateu e científico face à Igreja Católica. De facto, este Sumo Pontífice considerava que só a abertura dialogante ao mundo, e não uma atitude repressiva e castradora face aos erros das sociedades, poderia ser a garantia da elevação espiritual dos cristãos. Esta ideia benévola e pedagógica depreende-se do seguinte documento histórico:

 

 “(…) Referindo-se à repressão dos erros, lembrou o Papa que, no passado, a Igreja condenou-os com extrema severidade. «Contudo hoje – disse – a Igreja de Cristo prefere o remédio da misericórdia ao da severidade. Pensa acudir as necessidades da hora presente, mostrando o valor do seu ensino de preferência a condenações. Não quer isto dizer que não existem doutrinas falsas.»(…)”[6].

 

O Concílio Vaticano II afirmou o direito de todas as pessoas à Liberdade Religiosa, em conformidade com o espírito de total respeito pelos Direitos Humanos. Desta forma, a Igreja Católica procurou abrir-se às sociedades contemporâneas, aceitando a Liberdade Religiosa, dialogando, de forma tolerante, com as comunidades não cristãs e promovendo a missão dos leigos na vida da própria Igreja Católica, no sentido de se conseguir a humanização destas sociedades. Assim, a decisão conciliar de 7 de dezembro de 1965 reconheceu este direito de Liberdade Religiosa como inalienável, devido ao valor da dignidade humana e, por essa razão, alguns países católicos, sob a influência da Santa Sé, retiraram das suas Constituições princípios religiosos e assumiram posições laicas.

 

Uma outra decisão conciliar fundamental, de âmbito litúrgico, refere-se à língua latina, que perdeu o privilégio de ser o meio de comunicação entre os padres e os fiéis durante as missas. Estas passaram a ser realizadas nas línguas nacionais para garantir uma maior proximidade dos fiéis e uma maior coerência entre a fé declarada e o testemunho de vida dos crentes, uma vez que esta magna assembleia eclesiástica descortinou que o desfasamento entre estas duas dimensões era um dos erros das sociedades contemporâneas[7]. Deste modo, as homilias e a verdade dos evangelhos só seriam entendidas, se fossem comunicadas aos fiéis, através de uma língua acessível a todas as pessoas.

 

O apelo desta magna assembleia eclesiástica à maior participação dos leigos justifica-se, na opinião de D. António Ribeiro, pela necessidade da Igreja Católica não se alhear do mundo, mesmo quando dele sobressaem os aspetos negativos, mas, pelo contrário, de ajudar as forças temporais a encaminharem as sociedades contemporâneas para a prática do Bem através da praxis quotidiana dos valores cristãos. Assim, na sua perceção do espírito conciliar, a intervenção da Igreja Católica, nas sociedades contemporâneas, tinha de passar pela viva atuação dos leigos, no sentido desta incontornável instituição voltar a ser um agente ativo e construtivo das dinâmicas sociais[8].


Por conseguinte, a função social dos leigos foi realçada como primordial para aproximar o mundo da Igreja através de testemunhos vivenciais. O desígnio dos leigos é o de patentearem ao mundo o legado de Cristo para o santificarem, num tempo marcado por uma profunda crise de valores, encaminhando-o na direção do “Reino de Deus” para trilharem os caminhos da Justiça e da Paz. De facto, os leigos foram erguidos como figuras centrais na estratégia interventiva do Concílio Vaticano II, para tornar possível a humanização das sociedades contemporâneas. Com esta nova orientação, procurou-se esbater a dicotomia existente entre a Igreja e o mundo, entre o clero e os fiéis, para que a Igreja como “Corpo de Cristo” possa manifestar-se no mundo. Por outras palavras, tratou-se de uma resposta à anomia Ética que tem perpassado as sociedades contemporâneas.

 

A intenção de aproximar a Igreja Católica das realidades sociais e económicas do mundo resultou da menor influência desta instituição espiritual na Idade Contemporânea. Na conjuntura de crise Ética, a Igreja com o Concílio começa a preocupar-se, cada vez mais, com os problemas sociais e económicos do tempo contemporâneo.


Na Constituição conciliar Gaudium e Spes (Alegrias e Esperanças), promulgada a 7 de dezembro de 1965, com algumas dezenas de votos contrários, abordou-se a Doutrina Social da Igreja, isto é, a relação entre a Igreja e o mundo contemporâneo, salientando a crescente falta de harmonia entre o crescimento económico e o desenvolvimento integral dos povos e dos indivíduos[9]. Com efeito, este documento conciliar apela para a necessidade da Igreja Católica orientar as sociedades contemporâneas, perdidas no contexto da crise de valores, para os caminhos de Justiça e de Paz, mediante a participação cívica dos leigos, através da implementação da Doutrina Social da Igreja[10].

 

Em suma, ponderar este legado histórico do Concílio Vaticano II, no momento em que se assinala o Cinquentenário do seu começo (11 de outubro de 1962- 11 de outubro de 2012), assume-se como uma atitude  fundamental dada a situação de crise financeira e anímica das populações Europeias. Este caminho trilhado pelo Catolicismo, desde este acontecimento essencial, convém ser lembrado como um sinal de Esperança perante esta situação difícil vivida pela Europa na atualidade.

   

Nuno Sotto Mayor Ferrão



[1] D. António Ribeiro, “Vaticano II perante a Igreja e o Mundo”, in A Igreja do Presente e do Passado, vol. 1, Lisboa, Editorial Estampa, s.d., pp. LXIII e LXIV.

[2] “(…) A Igreja reserva para si a tarefa bem mais árdua e insubstituível: a tarefa de salvar a pessoa do homem e de restaurar a sociedade humana. (…)” Ibidem, p. LXIV.

[3] D. Manuel Clemente, A Igreja no tempo – História breve da Igreja Católica, Lisboa, Secretariado Diocesano do Ensino Religioso, 1978, pp. 102-105.

[4] Ibidem, p. 105.

[5] Darlei Zanon, ssp, Para ler o Concílio Vaticano II, Lisboa, Paulus Editora, 2012, pp. 77-82.

[6] “A maior finalidade do Concílio é a defesa e a propagação da fé”, in Diário de Notícias, nº 34 705, 12 de outubro de 1962, p. 5.

[7] Michael Collins e Matthew Price, História do Cristianismo – 2000 anos de fé, s.l., Civilização Editora, 2000, p. 220.

[8] Afirmou D. António Ribeiro: “(…) Se o Concílio proclamou , bem alto, o amor da Igreja pelo mundo, cabe aos cristãos, sobretudo aos mais diretamente empenhados na edificação da ordem temporal, não consentirem que a voz conciliar seja desmentida. (…)” D. António Ribeiro, Op. Cit., pp. LXII-LXIII.

[9] Darlei Zanon, ssp, Para ler o Concílio Vaticano II, Lisboa, Paulus Editora, 2012, pp. 27-32.

[10] Excerto de um artigo de investigação histórica, da autoria de Nuno Sotto Mayor Ferrão, para evocar o Cinquentenário do Concílio Vaticano II.

 

 

Mais sobre mim

foto do autor

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Links

www.mil-hafre.blogspot.com

www.cortex-frontal.blogspot.com

www.duas-ou-tres.blogspot.com

www.novaaguia.blogspot.com

www.bichos-carpinteiros.blogspot.com

www.fjv-cronicas.blogspot.com

www.sorumbatico.blogspot.com

www.almocrevedaspetas.blogspot.com

www.ladroesdebicicletas.blogspot.com

Perfil Blogger Nuno Sotto Mayor Ferrão

www.centenario-republica.blogspot.com

Centenário da República

Ericeira

Origem das espécies de Francisco José Viegas

Almanaque Republicano

Fundação Calouste Gulbenkian

Centro Cultural de Belém

Blogue Biblioteca Escolar - Agrupamento Damiao de Góis

Biblioteca Nacional

Fundação Mário Soares

Arrastão

Centro Nacional de Cultura

Arquivo Nacional da Torre do Tombo

Academia das Ciências de Lisboa

Cinemateca de Lisboa

Ministério da Cultura

Restaurante - Lisboa

Turismo Rural

Museu da Presidência da República

Site Divulgar blog

Memória Histórica do Holocausto

Dados estatísticos nacionais

Blogue Helena Sacadura Cabral

Comunicação Social da Igreja Católica

Economia e História Económica

Blogue - Ana Paula Fitas

Sociedade Histórica da Independência de Portugal

Literatura - infantil e/ou poética

Biblioteca e Arquivo José Pacheco Pereira

José Saramago - Fundação

Escritora Teolinda Gersão

Escritor António Lobo Antunes

Comemoração do Centenário da República

Museu Nacional de Arte Antiga

Museu do Louvre - Paris

www.industrias-culturais.blogspot.com

Artes Plásticas e Poesia - blogue

Albergue Espanhol - blogue

Actualidades de História

Arte Contemporânea - Fundação Arpad Szenes Vieira da Silva

Literatura - edições antigas

Carta a Garcia - blogue

Blogue da Biblioteca do ISCTE

Crónicas do Rochedo

Lusitaine - blogue

Leituras - livros e pinturas

História do século XX - site espanhol

Associação Cultural Coração em Malaca

Objectiva Editora

Lista de Prémios Nobéis

Perspectivas luso-brasileiras

Análise política - blogue

Arte e Cultura no Brasil

Exposição Viva a República

Revisitar Guerra Junqueiro

História da Guerra Colonial

Prémio Nobel da Literatura 2010

Sociedade de Geografia de Lisboa

Academia Portuguesa da História

Associação 25 de Abril - Centro de Documentação

Casa Fernando Pessoa - Lisboa

Associação Agostinho da Silva

Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

Aministia Internacional

UNESCO

Blogue de Estudos Lusófonos da U. Sorbonne

Entre as brumas da memória - blogue

Comunicação Social - Nacional e Estrangeira

Acordo Ortográfico - Portal da Língua Portuguesa

Países Lusófonos

Margens de erro - blogue

Museu do Oriente

Fotografias Estéticas de Monumentos do Mundo

Monumentos Classificados de Portugal

Mapas da História do Mundo

Informações sobre a União Europeia

Biblioteca Digital do Alentejo

Instituto Nacional de Estatística

Vidas Lusófonas da autoria de Fernando da Silva

Programa televisivo de Cultura

Quintus - Blogue

Fundo bibliográfico dos Palop

Instituto Camões

Museu do Fado

Livraria Histórica e Ultramarina - Lisboa

Reportório Português de Ciência Política - Adelino Maltez

Acordo português com a troika - Memorando de entendimento

Programa do XIX Governo Constitucional da República Portuguesa

Real Gabinete Português de Leitura (Rio de Janeiro)

Bibliografia sobre a Filosofia Portuguesa

Fundação Serralves - Arte Contemporânea

Casa da Música

Portal da Língua Portuguesa

Canal do Movimento Internacional Lusófono

Escritas criativas

Círculo Cultural António Telmo

Revista BROTÉRIA

Desporto e qualidade de vida

Turismo Rural

Município de Ponte de Lima

+ Democracia

I Congresso da Cidadania Lusófona

Organização - I Congresso da Cidadania Lusófona 2,3 abril 2013

Grémio Literário - Lisboa

SP20 Advogados

Zéfiro

Divina Comédia Editores

Hemeroteca Digital de Lisboa

National Geographic

Sintra - Património Mundial da Humanidade

Sinais da Escrita

Classical Music Blog

Open Culture

António Telmo – Vida e Obra

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

British Museum

Université Sorbonne

Museu Guggenheim - Veneza

Universidade de Évora

Biblioteca Digital

Universidade Católica Portuguesa

Biblioteca do Congresso dos EUA

Biblioteca de Alexandria – Egito

Oração e Cristianismo

Notícias e opiniões