Crónicas que tratam temas da cultura, da literatura, da política, da sociedade portuguesa e das realidades actuais do mundo em que vivemos. Em outros textos mais curtos farei considerações sobre temas de grande actualidade.
Crónicas que tratam temas da cultura, da literatura, da política, da sociedade portuguesa e das realidades actuais do mundo em que vivemos. Em outros textos mais curtos farei considerações sobre temas de grande actualidade.
Crónicas do Professor Ferrão
“Alentejo – antecâmara do Paraíso” (4)
Lisboa, 28 de Julho de 2008
O Alentejo é para mim uma paixão que resultou de vários anos em que lá trabalhei em sítios paradisíacos. Este fim-de-semana ( ano anterior – 2008 ) tive a oportunidade de matar saudades desta fantástica região do nosso país.
O primeiro retrato que faço do Alentejo, e que me ficou na retina de inesgotáveis viagens de automóvel, é conjunto de imagens que retenho das bucólicas paisagens da nossa planície dourada salpicada de azinheiras, sobreiros e chaparros. É, pois, um ambiente de paz, de tranquilidade e de beleza natural que se respira na contemplação destas rústicas paisagens do interior Alentejano. Aliás, na lição Queiroziana d’ “As Cidades e as Serras” o Homem Contemporâneo necessita da complementaridade entre o campo e a cidade, daí que nada melhor do que passar um fim-de-semana ou, mesmo, umas férias num local de feérica tranquilidade que nos faz lembrar as idílicas paisagens dos pintores românticos do século XIX.
Em segundo lugar, para quem é um “bom prato”, como eu, a gastronomia Alentejana eleva-se à categoria de um prazer incontornável. Num mundo que vive das refeições de “fast food”, nada melhor do que experimentar o sabor das boas tascas Alentejanas onde se comem umas deliciosas migas, umas insuperáveis sopas de cação, umas maravilhosas “burras”, uns fantásticos pezinhos de coentrada, onde toda a boa comida é temperada com umas ervas aromáticas que só medram no interior Alentejano…Sem falar já de alguns produtos regionais de excelência, que são vendidos nos hipermercados das grandes cidades, como os queijos de reputação ( Évora, Serpa e Nisa ), os enchidos de Barrancos, os torresmos, os divinais doces conventuais e os extraordinários vinhos destas terras cálidas!
Também não é de menosprezar os recantos castiços que o património arquitectónico e arqueológico do Alentejo nos reserva de uma maneira ímpar que não encontramos noutro lugar do país. Vamos passeando e esbarramo-nos com castelos, igrejas, aquedutos, paços senhoriais, ruínas romanas, dólmenes, menhires e belas aldeias, vilas e cidades de uma brancura inesgotáveis que expulsam o calor da intimidade dos lares e acenam com o valor da paz à alma dos visitantes. Com efeito, toda esta atmosfera patrimonial e a simplicidade das gentes alentejanas são puramente encantatórias.
Sem dúvida que o calor abrasador do Alentejo é um elemento bem característico em tempos de estio, mas é compensado com a magia das noites estreladas e amenas que fazem atrair algumas comunidades nórdicas. Estas noites permitem-nos passeios bem retemperadores que libertam o espírito do Homem Pós-Moderno das incertezas da Sociedade Global.
Aconselho, pois, vivamente uma visita regular a esta antecâmara do Paraíso como forma de nos livrarmos da infecta Modernidade que nos tem feito perder qualidade de vida. Para se deixarem entranhar por esta beleza bucólica recomendaria uma visita a localidades oníricas como Monsaraz, Vila Viçosa, Alandroal, Serpa, Terena ou Marvão e a paisagens rústicas como as planuras que cercam as formosas cidades de Beja e de Évora.