Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Crónicas do Professor Nuno Sotto Mayor Ferrão

Crónicas que tratam temas da cultura, da literatura, da política, da sociedade portuguesa e das realidades actuais do mundo em que vivemos. Em outros textos mais curtos farei considerações sobre temas de grande actualidade.

Crónicas que tratam temas da cultura, da literatura, da política, da sociedade portuguesa e das realidades actuais do mundo em que vivemos. Em outros textos mais curtos farei considerações sobre temas de grande actualidade.

Mais sobre mim

foto do autor

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Links

www.mil-hafre.blogspot.com

www.cortex-frontal.blogspot.com

www.duas-ou-tres.blogspot.com

www.novaaguia.blogspot.com

www.bichos-carpinteiros.blogspot.com

www.fjv-cronicas.blogspot.com

www.sorumbatico.blogspot.com

www.almocrevedaspetas.blogspot.com

www.ladroesdebicicletas.blogspot.com

Perfil Blogger Nuno Sotto Mayor Ferrão

www.centenario-republica.blogspot.com

Centenário da República

Ericeira

Origem das espécies de Francisco José Viegas

Almanaque Republicano

Fundação Calouste Gulbenkian

Centro Cultural de Belém

Blogue Biblioteca Escolar - Agrupamento Damiao de Góis

Biblioteca Nacional

Fundação Mário Soares

Arrastão

Centro Nacional de Cultura

Arquivo Nacional da Torre do Tombo

Academia das Ciências de Lisboa

Cinemateca de Lisboa

Ministério da Cultura

Restaurante - Lisboa

Turismo Rural

Museu da Presidência da República

Site Divulgar blog

Memória Histórica do Holocausto

Dados estatísticos nacionais

Blogue Helena Sacadura Cabral

Comunicação Social da Igreja Católica

Economia e História Económica

Blogue - Ana Paula Fitas

Sociedade Histórica da Independência de Portugal

Literatura - infantil e/ou poética

Biblioteca e Arquivo José Pacheco Pereira

José Saramago - Fundação

Escritora Teolinda Gersão

Escritor António Lobo Antunes

Comemoração do Centenário da República

Museu Nacional de Arte Antiga

Museu do Louvre - Paris

www.industrias-culturais.blogspot.com

Artes Plásticas e Poesia - blogue

Albergue Espanhol - blogue

Actualidades de História

Arte Contemporânea - Fundação Arpad Szenes Vieira da Silva

Literatura - edições antigas

Carta a Garcia - blogue

Blogue da Biblioteca do ISCTE

Crónicas do Rochedo

Lusitaine - blogue

Leituras - livros e pinturas

História do século XX - site espanhol

Associação Cultural Coração em Malaca

Objectiva Editora

Lista de Prémios Nobéis

Perspectivas luso-brasileiras

Análise política - blogue

Arte e Cultura no Brasil

Exposição Viva a República

Revisitar Guerra Junqueiro

História da Guerra Colonial

Prémio Nobel da Literatura 2010

Sociedade de Geografia de Lisboa

Academia Portuguesa da História

Associação 25 de Abril - Centro de Documentação

Casa Fernando Pessoa - Lisboa

Associação Agostinho da Silva

Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

Aministia Internacional

UNESCO

Blogue de Estudos Lusófonos da U. Sorbonne

Entre as brumas da memória - blogue

Comunicação Social - Nacional e Estrangeira

Acordo Ortográfico - Portal da Língua Portuguesa

Países Lusófonos

Margens de erro - blogue

Museu do Oriente

Fotografias Estéticas de Monumentos do Mundo

Monumentos Classificados de Portugal

Mapas da História do Mundo

Informações sobre a União Europeia

Biblioteca Digital do Alentejo

Instituto Nacional de Estatística

Vidas Lusófonas da autoria de Fernando da Silva

Programa televisivo de Cultura

Quintus - Blogue

Fundo bibliográfico dos Palop

Instituto Camões

Museu do Fado

Livraria Histórica e Ultramarina - Lisboa

Reportório Português de Ciência Política - Adelino Maltez

Acordo português com a troika - Memorando de entendimento

Programa do XIX Governo Constitucional da República Portuguesa

Real Gabinete Português de Leitura (Rio de Janeiro)

Bibliografia sobre a Filosofia Portuguesa

Fundação Serralves - Arte Contemporânea

Casa da Música

Portal da Língua Portuguesa

Canal do Movimento Internacional Lusófono

Escritas criativas

Círculo Cultural António Telmo

Revista BROTÉRIA

Desporto e qualidade de vida

Turismo Rural

Município de Ponte de Lima

+ Democracia

I Congresso da Cidadania Lusófona

Organização - I Congresso da Cidadania Lusófona 2,3 abril 2013

Grémio Literário - Lisboa

SP20 Advogados

Zéfiro

Divina Comédia Editores

Hemeroteca Digital de Lisboa

National Geographic

Sintra - Património Mundial da Humanidade

Sinais da Escrita

Classical Music Blog

Open Culture

António Telmo – Vida e Obra

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

British Museum

Université Sorbonne

Museu Guggenheim - Veneza

Universidade de Évora

Biblioteca Digital

Universidade Católica Portuguesa

Biblioteca do Congresso dos EUA

Biblioteca de Alexandria – Egito

Oração e Cristianismo

Notícias e opiniões

UMA HISTÓRIA UNIVERSAL DAS PANDEMIAS ATÉ AO SURTO DA DOENÇA COVID-19 – PASSADO, PRESENTE E FUTURO

COVID-19(1c).jpgCOVID-19(2).jpg

COVID-19(3).jpgCOVID-19(4).jpg

COVID-19(5).jpg

A pandemia do surto do COVID-19 está a provocar medo em todo o mundo, tendo despolutado um número colossal de infetados e de milhares de mortos.

 

Em outras épocas da História, verificaram-se pandemias com consequências demográficas igualmente bastante nefastas, como é o caso da varíola que perturbou a vida da humanidade por milhares de anos, afetando personalidades das elites, desde o faraó Ramsés II ao rei D. Luís XV de França. Este vírus era transmitido de pessoa a pessoa através das vias respiratórias, tendo sido erradicada do mundo, no fim do século XX, em resultado de uma vacinação massiva.

 

A peste bubónica disseminou-se entre os seres humanos no contacto com pulgas e roedores, sendo considerada a doença que propagou a Peste Negra e devastou  populações da Europa, da Ásia e da África no século XIV e que provocou a morte a cerca de 50 milhões de pessoas.

 

Este surto pandémico reduziu, substancialmente, a população mundial e europeia. O desespero pairava nas pessoas da época, levando muitas a rezarem pelo fim do surto. Alguns historiadores afirmam que este fator de crise ajudou ao desenvolvimento económico da Europa e potenciou a expansão imperialista europeia. As atividades agrícolas foram muito afetadas, uma vez que os proprietários tinham grande dificuldade em contratar mão-de-obra.

 

No século XVI, os espanhóis, na conquista militar dos territórios da América Central e do Sul, disseminaram doenças mortais entre as populações ameríndias, tendo levado a uma forte quebra demográfica destas populações.

 

Milhões de pessoas nativas morreram no decurso desta conquista do império espanhol, havendo uma perda de cerca de 60 milhões de indivíduos, sendo muitas das mortes causadas por estas doenças. Entre estas doenças mortais contam-se a varíola, o sarampo, a gripe, a peste bubónica, a malária, a difteria, o tifo e a cólera. Esta catastrófe humanitária gerou o definhamento das Civilizações Ameríndias (dos Incas, dos Maias e dos Astecas).

 

No século XVII, houve, na China, um surto epidémico levando à queda da dinastia Ming, que perdurava no poder desde três séculos antes com uma forte hegemonia sobre a região do leste asiático. Esta epidemia chegou ao norte da China, em 1641, provocando uma forte mortalidade.

 

Convém recordar que uma grande parte da muralha da China foi edificada durante a dinastia Ming. Esta mortandade terá sido originada por uma confluência da peste bubónica e da malária, trazida por povos invasores do norte, os quais derrubaram esta dinastia. Estes invasores submeteram a Manchúria e instauraram a dinastia Qing, que depôs a dinastia Ming, estabelecendo assim um novo império.

 

No início do século XIX, a febre amarela assolou alguns domínios coloniais. Esta febre, em conjunto com rebeliões de escravos, originou o fim do poder colonial francês, no Haiti. Assim, em 1801, o líder nativo Toussaint Louvert passou a governar o Haiti e, após várias vissicitudes, o país tornou-se independente.

 

Napoleão Bonaparte, descontente com o rumo dos acontecimentos na ilha, enviou milhares de soldados para submeterem a rebelião dos haitianos. Do ponto de vista militar, aparentemente, tiveram sucesso. No entanto, o efeito da febre amarela levou cerca de 50 mil soldados, oficiais, médicos e marinheiros a falecerem e somente 3 mil homens regressaram a França cabisbaixos. As forças francesas revelaram não ter imunidade à febre amarela, o que determinou o êxito da independência haitiana. Com este malogro, Napoleão Bonaparte abandonou as ambições coloniais francesas na América do Norte, tendo vendido, pouco tempo depois, o território da Louisiana ao governo dos Estados Unidos da América.

 

Em 1817, houve uma epidemia global de cólera, que matou muitos milhares de pessoas. A bactéria propiciadora do surto sofreu diversas mutações e causou novas vagas epidémicas em várias épocas posteriores. A sua transmissão sucede com base no consumo de água ou de alimentos contaminados, sendo frequente em territórios pouco desenvolvidos. Recentemente, o Haiti, em 2010, foi fortemente atingido pela cólera.

 

Originária da Ásia, designadamente da Índia e do Bangladesh, a cólera disseminou-se por outros continentes no quarto quinquénio do século XIX, tendo-se dispersado por outros continentes. Já existe uma vacina contra a cólera e que, embora não seja totalmente eficaz nesta doença, tem sido tratada à base de antibióticos.

 

No final do século XIX, verificou-se a peste bovina africana, concomitantemente à expansão colonial europeia, que tem sido designada pelos historiadores como “corrida a África”. Esta peste infetou grande parte do gado em África, originando uma enorme mortandade entre o gado bovino, sem ter afetado diretamente as comunidades humanas.

 

Este fenómeno aconteceu no contexto da intensificação da colonização europeia em África, que levou as potências europeias a explorarem o interior do continente e as suas riquezas. Entre 1888 e 1897, o vírus da peste bovina matou uma grande parte do gado africano, o que desencadeou uma devastação nas populações nativas africanas no sudeste, no sudoeste e no ocidente do continente, ao originar a fome e a migração de muitos refugiados das regiões dizimadas. Pouco tempo antes, tinha-se realizado entre 14 potências europeias a Conferência de Berlim, em 1884-1885, para estabelecer os critérios de ocupação e da divisão do continente africano entre as nações europeias, sem ter em conta as populações autóctones.  

 

Além das regiões da pastorícia, também as áreas agrícolas foram afectadas, dado que no trabalho dos campos se utilizavam os bois para arar a terra. Este ambiente de crise nas atividades económicas das populações africanas acabou por facilitar a colonização europeia de grandes regiões deste continente, no fim do século XIX.

 

De facto, na década de 1870, apenas uma parte ínfima do continente africano estava sob o controlo europeu, limitada às zonas litorais mas, em finais de Oitocentos, a maior parte das regiões africanas eram dominadas pelas nações europeias. A debandada das populações africanas, gerada pelo surto de peste bovina, estimulou a apropriação de terras por parte dos colonos europeus.

 

A gripe pneumónica, também conhecida como gripe espanhola, foi a maior pandemia da história da humanidade, tendo provocado a morte de 50 a 100 milhões de pessoas, nos anos de 1918-1919, por todo o mundo. A sua mortalidade foi superior à verificada no período da Peste Negra, no século XIV.

 

A pneumómica também ficou conhecida como gripe espanhola, visto que, no decorrer da Primeira Guerra Mundial, em período de censura de guerra na imprensa europeia, os periódicos espanhóis noticiavam evidências do surto epidémico. Muitos países foram afetados, como foi ocaso do Brasil onde o próprio presidente da República, Rodrigues Alves, morreu da doença, em 1919.

 

Em Portugal, a gripe pneumónica chegou durante o mês de maio de 1918 e encontra-se muito bem descrita no romance histórico de Francisco Moita Flores – Mataram o Sidónio!. Neste país, algumas regiões foram dizimadas com uma perda populacional da ordem dos 10%.

 

O combate ao surto epidémico, em Portugal, foi dirigido pelo Diretor Geral de Saúde, Ricardo Jorge, que deu nome ao atual Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, que nestes dias tem feito uma investigação aprofundada ao coronavírus 2019.

 

A política de Saúde Pública do Doutor Ricardo Jorge passou, na época, por encerrar escolas e proibir feiras e romarias, tendo-se convertido muitos espaços públicos em enfermarias. No entanto, a situação revelou-se bastante caótica, como muito bem nos descreve Francisco Moita Flores, no seu referido romance histórico.

 

A gripe de 1918 foi causada pelo vírus influenza A do subtipo H1N1, que se revelou, com muita frequência, mortal. A origem geográfica desta pandemia é desconhecida, ao contrário da atual gripe COVID-19, que consta ter tido o seu início num mercado da cidade chinesa de Hubei. Os sintomas da gripe espanhola eram muito idênticos aos do atual COVID-19, e não existia também qualquer cura.  A doença foi detectada, pela primeira vez, a 4 de março de 1918, no Kansas, nos Estados Unidos da América e, em Nova Iorque, a 11 de março.

 

Na Europa, as primeiras manifestações da doença verificaram-se, em abril de 1918, em tropas francesas, britânicas e americanas posicionadas em portos franceses, no decurso da Primeira Guerra Mundial. Todas as tropas beligerantes em confronto foram dizimadas por este surto infecioso.

 

No ínicio do século XXI, em 2009, surgiu, no México, um vírus nos porcos – H1N1 -, designada gripe suína, que se propagou no mundo e matou cerca de 16 mil pessoas. O contágio acontece, de forma similar, ao que sucede à disseminação da doença chamada COVID-19 através de gotículas respiratórias ou de superfícies contaminadas. No entanto, a pandemia do Coronavírus de 2019 está a ser bastante mais mortífera e a disseminar-se muito mais pela população mundial.

 

O coronavírus de 2019 (com o nome oficial COVID-19) é ainda pouco conhecido, podendo originar pneumonia. Foi identificado, pela primeira vez, na China e rapidamente expandiu-se por todo o mundo, embora atualmente tenha como epicentro os países da Civilização Ocidental. É, ainda, preciso mais tempo para estudar, cientificamente, este novo vírus, nas suas caraterísticas e na possibilidade de se alcançar um método de tratamento. O mundo já regista perto de 1 milhão e meio de infetados e milhares de mortos disseminados por muitos países do mundo, cuja expansão geográfica foi facilitada pela globalização das viagens.

 

Em suma, perante este passado delineado dos surtos pandémicos e este último de 2019-2020, torna-se premente a implementação de um conceito estratégico de segurança coletiva universal, no contexto desta frágil globalização sanitária, que potenciou o surto pandémico do COVID-19, apontando para a importância de uma verdadeira coordenação coletiva da ONU/OMS e do seu reforço estratégico como entidade humanitária supranacional, para que se garanta um futuro sustentável da humanidade.   

 Nuno Sotto Mayor Ferrão

ARISTIDES DE SOUSA MENDES (1885-1954) – UM HÉROI ÉTICO DA HUMANIDADE

Resultado de imagem para passalResultado de imagem para aristides de sousa mendes

Resultado de imagem para aristides de sousa mendes

 

Com Aristides de Sousa Mendes esteve uma teia de colaboradores próximos e cúmplices na sua consciência ética, que permitiu a fuga de França e de Espanha de milhares de refugiados do Holocausto nazi. Os méritos humanitários de Aristides foram amplamente reconhecidos no contexto internacional, a título póstumo, pela imprensa norte-americana e pelas demonstrações de gratidão de grandes personalidades, que foram salvas do Holocausto, pelo nosso protagonista, pela passagem de muitos vistos.

 

Todavia, o reconhecimento dos seus méritos humanitários foi moroso, mas contou com a tenacidade dos seus familiares que lutaram arduamente pela sua reabilitação ética. Apenas na década de 1980, a partir dos EUA, é que se começaram a multiplicar as homenagens da comunidade judaica e portuguesa a este nosso herói.

 

O Estado português resistiu, até aos anos 80, a reconhecer os méritos humanitários de Sousa Mendes, altura em que foi condecorado com a Ordem da Liberdade pelo Presidente da República, Mário Soares, em 1986. Assim, só final dos anos 80 e depois de uma moção de Jaime Gama, os partidos políticos portugueses, após uma visita de uma comitiva norte-americana, concordaram em uníssono em reabilitar a memória deste português ilustre, mas tão votado ao esquecimento ao longo de décadas.

 

Consta terem sido cerca de 30.000 os refugiados que foram salvos do Holocausto por Aristides de Sousa Mendes, em resultado dos vistos que passou, não obstante a desobediência administrativa em que incorreu perante o regime Salazarista e que lhe causou pesadas e amargas consequências individuais e sociais.

 

No contexto da 2ª guerra mundial, em 1940, Portugal acolheu entre 50 e 100 mil refugiados, que fugiam do terror nazi e muitos destes deveram a sua salvação a Sousa Mendes, mas acabou por ser o Estado Novo a vangloriar-se destes méritos de acolhimento aos refugiados.

 

Na verdade, o responsável pelo acolhimento foi o país e não o regime vigente, dado que as instruções diplomáticas emitidas impediam a concessão de vistos a judeus, mas o regime Salazarista fez questão em recolher os louros e penalizou Sousa Mendes com um injusto processo disciplinar e com uma reforma compulsiva, que o conduziu à ruína financeira.

 

Aristides foi um herói da Humanidade por ter salvo do Holocausto milhares de vidas, numa atitude abnegada que lhe iria sair cara, mas que foi fruto do seu juízo moral e de uma ação concreta em prol dos direitos humanos ultrajados pelos nazis.

 

Em 1945 Sousa Mendes, sentindo as consequências nefastas da sua ação benemérita para a sua carreira diplomática e a sua vida pessoal, dirigiu uma reclamação à Assembleia Nacional. Esta reclamação foi, naturalmente, desprezada pelos seguidores do Salazarismo. Nesta pedia que se anulasse o processo disciplinar e que lhe fossem pagos os prejuízos morais e materiais do seu afastamento da carreira diplomática, uma vez que tinha atuado ao abrigo da ordem constitucional, fundamentando assim a sua desobediência institucional às normas emanadas do Ministério dos Negócios Estrangeiros. O documento histórico, referido, testemunha-nos este fundamento nas seguintes palavras:

 

“(...) Tratando-se de milhares de pessoas de religião judaica, de todos os países invadidos, já perseguidas na Alemanha e noutros países seus forçados aderentes, entendeu o reclamante que não devia obedecer àquela proibição por a considerar anticonstitucional em virtude do art, 8º, nº 3 da Constituição, que garante liberdade e inviolabilidade de crenças, não permitindo que ninguém seja perseguido por causa delas nem obrigado a responder acerca da religião que professa, medida que aliás se lhe tornava necessária para saber a religião dos impetrantes, e assim negar ou conceder o visto. (...)”[i].

 

Em abril de 2017, culminando o processo de reconhecimento da sua memória, o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa condecorou-o com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, ao mesmo tempo em que o Estado Português classificou a sua casa de Cabanas de Viriato, denominada Passal, monumento nacional.

[i] Aristides de Sousa Mendes, “Reclamação apresentada à Assembleia da República em 1945”, in Rui Afonso, Um Homem Bom, Alfragide, Texto Editores, 2009, pp. 375-376.

Nuno Sotto Mayor Ferrão

 

ARISTIDES DE SOUSA MENDES (1885-1954) – UM HÉROI ÉTICO DA HUMANIDADE

Resultado de imagem para passalResultado de imagem para aristides de sousa mendes

Resultado de imagem para aristides de sousa mendes

 

Com Aristides de Sousa Mendes esteve uma teia de colaboradores próximos e cúmplices na sua consciência ética, que permitiu a fuga de França e de Espanha de milhares de refugiados do Holocausto nazi. Os méritos humanitários de Aristides foram amplamente reconhecidos no contexto internacional, a título póstumo, pela imprensa norte-americana e pelas demonstrações de gratidão de grandes personalidades, que foram salvas do Holocausto, pelo nosso protagonista, pela passagem de muitos vistos.

 

Todavia, o reconhecimento dos seus méritos humanitários foi moroso, mas contou com a tenacidade dos seus familiares que lutaram arduamente pela sua reabilitação ética. Apenas na década de 1980, a partir dos EUA, é que se começaram a multiplicar as homenagens da comunidade judaica e portuguesa a este nosso herói.

 

O Estado português resistiu, até aos anos 80, a reconhecer os méritos humanitários de Sousa Mendes, altura em que foi condecorado com a Ordem da Liberdade pelo Presidente da República, Mário Soares, em 1986. Assim, só final dos anos 80 e depois de uma moção de Jaime Gama, os partidos políticos portugueses, após uma visita de uma comitiva norte-americana, concordaram em uníssono em reabilitar a memória deste português ilustre, mas tão votado ao esquecimento ao longo de décadas.

 

Consta terem sido cerca de 30.000 os refugiados que foram salvos do Holocausto por Aristides de Sousa Mendes, em resultado dos vistos que passou, não obstante a desobediência administrativa em que incorreu perante o regime Salazarista e que lhe causou pesadas e amargas consequências individuais e sociais.

 

No contexto da 2ª guerra mundial, em 1940, Portugal acolheu entre 50 e 100 mil refugiados, que fugiam do terror nazi e muitos destes deveram a sua salvação a Sousa Mendes, mas acabou por ser o Estado Novo a vangloriar-se destes méritos de acolhimento aos refugiados.

 

Na verdade, o responsável pelo acolhimento foi o país e não o regime vigente, dado que as instruções diplomáticas emitidas impediam a concessão de vistos a judeus, mas o regime Salazarista fez questão em recolher os louros e penalizou Sousa Mendes com um injusto processo disciplinar e com uma reforma compulsiva, que o conduziu à ruína financeira.

 

Aristides foi um herói da Humanidade por ter salvo do Holocausto milhares de vidas, numa atitude abnegada que lhe iria sair cara, mas que foi fruto do seu juízo moral e de uma ação concreta em prol dos direitos humanos ultrajados pelos nazis.

 

Em 1945 Sousa Mendes, sentindo as consequências nefastas da sua ação benemérita para a sua carreira diplomática e a sua vida pessoal, dirigiu uma reclamação à Assembleia Nacional. Esta reclamação foi, naturalmente, desprezada pelos seguidores do Salazarismo. Nesta pedia que se anulasse o processo disciplinar e que lhe fossem pagos os prejuízos morais e materiais do seu afastamento da carreira diplomática, uma vez que tinha atuado ao abrigo da ordem constitucional, fundamentando assim a sua desobediência institucional às normas emanadas do Ministério dos Negócios Estrangeiros. O documento histórico, referido, testemunha-nos este fundamento nas seguintes palavras:

 

“(...) Tratando-se de milhares de pessoas de religião judaica, de todos os países invadidos, já perseguidas na Alemanha e noutros países seus forçados aderentes, entendeu o reclamante que não devia obedecer àquela proibição por a considerar anticonstitucional em virtude do art, 8º, nº 3 da Constituição, que garante liberdade e inviolabilidade de crenças, não permitindo que ninguém seja perseguido por causa delas nem obrigado a responder acerca da religião que professa, medida que aliás se lhe tornava necessária para saber a religião dos impetrantes, e assim negar ou conceder o visto. (...)”[i].

 

Em abril de 2017, culminando o processo de reconhecimento da sua memória, o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa condecorou-o com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, ao mesmo tempo em que o Estado Português classificou a sua casa de Cabanas de Viriato, denominada Passal, monumento nacional.

[i] Aristides de Sousa Mendes, “Reclamação apresentada à Assembleia da República em 1945”, in Rui Afonso, Um Homem Bom, Alfragide, Texto Editores, 2009, pp. 375-376.

Nuno Sotto Mayor Ferrão

 

“O GRANDE REBANHO” DE JEAN GIONO COMO UM ROMANCE IMPRESSIONISTA DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL – CENTENÁRIO DA GRANDE GUERRA E DA BATALHA DE VERDUN (1916-2016)

 

“(...) Era preciso caminhar silenciosamente ao longo da trincheira (...) O talude tinha desabado por causa da chuva. Havia bocados de lençóis no meio da lama, misturados com ela. Uma espécie de respiradouro tinha-se aberto num dos lados da pedreira. Um braço de homem saíra do buraco e estava suspenso cá fora, com a mão, que parecia um gancho, toda preta por causa da pólvora. Aproximaram-se. Era uma enorme fossa de mortos. Parecia que estavam a chapinhar na água. (...) Olharam para cima da trincheira. Estavam a uma centena de metros. Corriam. Tinham sido surpreendidos pelo vento. Saíam do nevoeiro por um lado e entravam nele por outro lado. Desfilavam em pleno campo, acima da trincheira. Surpreendidos pelo vento, iam um pouco curvados, corriam com as espingardas como se elas fossem bengalas e, de vez em quando, no meio daquele rebanho de homens acossados, destaca-se um rosto pálido que olhava para o lado. (...)”

                                    Jean Giono, O grande rebanho, Lisboa, Editorial Presença, 2014, pp. 165 e 178.

 

O lirismo de Jean Giono, escritor francês, faz contrastar a vida rústica da Provença com os horrores da Primeira Guerra Mundial na sua atroz violência. Sublinha o contraste entre a simplicidade silenciosa da natureza e o estrondo estripitante da guerra. Quanta diferença se desenha entre os militares que, no terreno de batalha, se tornam insensíveis e a singeleza poética das árvores.

 

De facto, à tranquilidade bucólica da vida do campo, o autor contraprôs o furor belicista das frentes de batalha. Esta visão dicotómica paira ao longo do livro, escrito em 1929, com o constante confronto entre a natureza simples e bela e o homem enredado no drama das suas perniciosas escolhas.

 

O romance centra-se na metáfora entre os rebanhos e as tropas mobilizadas para a guerra no campo de batalha. Esta proximidade simbólica entre os animais de pasto e os homens em situação de beligerância faz com que Olivier, um dos protagonistas do romance, sinta a guerra como uma interrupção da vida e lhe irrompa a sensação de que a vida em paz no campo era prodigiosa.

 

O ambiente retratado apresenta-nos uma tristeza que paira nos campos da Provença, pois nas localidades e quintas ficaram apenas as mulheres e os idosos, uma vez que os homens foram mobilizados para as frentes de batalha.

 

O essencial da mensagem deste romance histórico é o absurdo da guerra, em contraste com a energia panteísta da natureza inerente à visão humanista e pacifista de um escritor que vivenciou estes campos de batalha. Passados cem anos sobre a brutal batalha de Verdun (1916), nós, leitores, acompanhamos o escritor que nos descreve o conflito passado no campo, como infernal por oposição à serenidade oferecida pela Mãe-natureza.

 

Assim, o autor que participou no conflito bélico conseguiu retratar, com grande realismo, os cenários de guerra. Retrata, pois, com enorme fidelidade o resultado pestilento e antihigiénico da batalha nas trincheiras. As cenas apresentadas nos campos de batalha são, muitas vezes, pintadas com cores tenebrosas. A guerra é encarada como uma regresão histórica das atividades produtivas, significando mesmo um regresso a um primitivismo ancestral.

 

Ao mesmo tempo, realça o paradoxo entre as mortes e as justificações patrióticas que se davam às famílias dos soldados caídos nas frentes de batalha. A paz das famílias camponesas é, assim, interrompida pelas mobilizações forçadas de lavradores, pela requisição de alimentos aos produtores agrícolas da Provença e pelas notícias terríficas das mortes de lavradores em campos de batalha. Transmite-nos, deste modo, uma visão assustadora da guerra em que os camponeses se sentem espoliados da liberdade ou de bens agrícolas para abastecimento das frentes de batalha e com a tranquilidade bucólica dos ritmos campestres roubada.

 

Se a vida no campo é descrita de forma quase helenística, por contraposição o avanço lento das tropas nas linhas de trincheiras impelia a uma marcha em fila para as companhias evitarem muitas baixas em caso de serem atingidas por canhões ou por fogo inimigo. Horrível é, também, a descrição de uma avalanche de ratos a invadirem os campos de destroços. Esta guerra, embora mundial, decorreu sobretudo nos campos europeus que saíram devastados e com o seu trabalho rural completamente desorganizado.

 

Em suma, este romance, baseado numa intensa experiência de guerra do seu autor, deixa-nos um testemunho, talvez impressionista, do ambiente bélico que se passou no início do século XX, que o transformou num denodado pacifista, pois compreendeu quão medonha é a guerra na sua infindável desumanidade comparada com a sublime beleza do meio natural, que Deus nos legou. No Centenário da Grande Guerra e da mortífera batalha de Verdun (1916-2016), que agora evocamos mediante esta obra-prima, vale a pena ler este tocante romance que desnuda as globalizadas feridas históricas da Humanidade.    

 

Nuno Sotto Mayor Ferrão

 

SANTO ANTÓNIO (1191-1231) DE LISBOA OU DE PÁDUA ?

 

A questão com que iniciámos esta crónica é irrelevante, embora paire em boa parte da mentalidade dos portugueses e dos italianos, pois foi um pregador de uma amplitude universalista, como se constata da argumentação que vos apresentamos.

 

É, com efeito, o santo português, de nascimento, com maior relevo, que pertenceu à ordem franciscana, embora tenha estudado em Lisboa e em Coimbra, sendo a sua festa comemorada no período do solistício de verão a 13 de junho em Portugal com festas populares que a cidade de Lisboa celebra com grande júbilo. Nascido em Lisboa em 1191 com o nome de Fernando Martins de Bulhão, só recebe o nome de António quando ingressa na ordem religiosa franciscana.

                                                        

Convém recordar, por isso, que viveu em pleno contexto da reconquista cristã de Portugal. Deste modo, o ambiente de crescimento económico e urbano, que se fazia sentir na Europa, a par das grandes desigualdades sócio-políticas e da atmosfera marcial das Cruzadas fê-lo, certamente, aproximar-se dos ideais de humildade, de pobreza e de evangelização da ordem mendicante franciscana. 

 

A forte formação intelectual, iniciada com os cónegos regrantes de Santo Agostinho, permitiu-lhe profundos conhecimentos de teologia, que o veio a transformar no ano de 1946 em Doutor da Igreja.

 

Assim, a sua Santidade foi-lhe publicamente reconhecida, pois soube compaginar um imenso prestígio popular com base nos seus milagres com uma aprofundada base teológica. Em Roma existe a Igreja de Santo António dos Portugueses, de estilo Barroco (como se observa na terceira fotografia), com dependência eclesiástica do cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente.

 

Deixou-se inspirar pelos santos mártires de Marrocos e ingressa na ordem franciscana, motivado pelos seus exemplos, numa viagem a este território é apanhado por uma doença súbita que o conduz de novo à Europa, em particular à Itália, tendo-se posteriormente tornado um grande pregador e teólogo.

 

Nesta altura, fazendo um grande périplo de pregação pela Itália e França torna-se um evangelizador de espírito universalista que transcende as fronteiras nacionais. Conta-se que, em Rimini, impedido, de momentaneamente, de pregar se virou para os peixes e é, este episódio, que é recriado pelo Padre António Vieira. Durante a vida teve oportunidade, pelo prestígio alcançado, de publicar os seus sermões, no fim da década de 20 do século XIII, e de continuar a pregar na Europa do Sul contra os hereges, ao mesmo tempo em que ensinava nas escolas conventuais franciscanas de algumas cidades.

 

Dos seus sermões irradia um pensamento eclético, compaginando as bases clássicas gregas com as cristãs com um recurso formal às alegorias que enfatizam os valores éticos da observação da Natureza.  

 

Em 1232, um ano após a sua morte, pelo número de milagres que lhe foram reconhecidos, foi logo canonizado. A cidade de Pádua, onde falece, organiza-lhe imediatamente um solene funeral, erguendo-lhe rapidamente uma basílica para onde vão as suas relíquias.

 

Verificamos que, não obstante, o seu nascimento e crescimento intelectual em Portugal, acaba por falecer em Pádua onde é homenageado, mas a sua ação espiritual-religiosa transcende as fronteiras destas pátrias e a questão com que iniciámos este texto não tem pois qualquer sentido.

 

Nuno Sotto Mayor Ferrão

 

 

HEITOR VILLA-LOBOS (1887-1959) – COMPOSITOR MODERNISTA DE UMA MATRIZ CULTURAL BRASILEIRA

 

Heitor Villa-Lobos foi um prestigado maestro e compositor brasileiro, natural do Rio de Janeiro, que se destacou no século XX. Foi o introdutor nas suas composições de uma linguagem musical que soube compaginar a estética Modernista, das composições musicais, com a influência cultural dos diferentes regionalismos brasileiros inspirando-se, para isso, em canções populares e indígenas.

 

A paixão pela música foi-lhe infundida pelo pai, músico amador, que lhe deu as primeiras lições de música e o instigou a estudar violoncelo. Com a prematura morte do pai passou a tocar em locais públicos e, nessa altura, interessa-se pela música popular do Rio de Janeiro.

 

Irá, também, fazer incursões pelo interior do Brasil onde tomará contacto com a riqueza natural e musical dos sertões. No ano de 1913 casou-se com a pianista Lucília Guimarães, de quem, possivelmente, tomará o gosto pelos padrões Culturais Modernistas.

 

Nos anos 20 Villa-Lobos alcança grande notoriedade nacional ao participar em São Paulo na Semana de Arte Moderna e realiza, em seguida, viagens pela Europa para apresentação de obras sinfónicas já reconhecidas, designadamente a sinfonia nº 3 “A guerra” de 1919, em que recria o bélico ambiente tenebroso que a Europa tinha vivido.

 

A projeção internacional do seu trabalho de composição teve grandes ecos no mundo, em particular em França e nos EUA, nos meados do século XX. Após o seu desaparecimento, o Estado Brasileiro criou um Museu em sua honra no Rio de Janeiro.

 

Nuno Sotto Mayor Ferrão

PAPA JOÃO XXIII (1881-1963) – UM REFORMISTA SOCIAL DA IGREJA CATÓLICA

 

 

Ângelo Giuseppe Roncali, nascido em Itália no fim do século XIX, foi como Papa um grande reformista da Igreja Católica, não obstante o seu curto pontificado (1958-1963). Alguns traços biográficos ajudam-nos a compreender melhor o alcance dos seus gestos e das suas ações pontifícias. É muito significativa a sua mundividência espiritual, franciscana, que o levou a adotar como lema papal “Obediência e Paz”.

 

Nasceu no meio de uma família rural pobre, mas muito crente nos dogmas católicos, tendo este aspeto sido bem retratado no filme de Ermanno Olmi intitulado “E venne un uomo” (1965), que recentemente foi exibido na cinemateca de Lisboa. A sua experiência como capelão militar do Exército italiano na 1ª Guerra Mundial, a par das suas preocupações pacifistas na conjuntura da 2ª Guerra Mundial, terá feito entender-lhe a importância da Paz como caminho para a felicidade da Humanidade, ao ponto da sua última e crucial encíclica se intitular “Paz na Terra”.

 

A sua intrínseca bonomia fê-lo, depois de se doutorar em Teologia, seguir a carreira diplomática ao serviço do Estado do Vaticano (Santa Sé) como visitador apostólico na Bulgária em 1925-1935, delegado apostólico à Grécia e à Turquia em 1935-1944 e núncio apostólico em França de 1944 a 1953. Foi extraordinariamente importante a sua aprendizagem das questões sociais como secretário, particular, do Bispo de Bérgamo, D. Giacomo Radini-Tedeschi, nos seus primeiros anos de sacerdócio de 1905 a 1914.

 

Os seus dons ou qualidades excecionais (a bondade, a capacidade de diálogo e de conciliação) foram elementos que moldaram o seu espírito que o induziu, para espanto e inquietação de muitos católicos tradicionalistas, à convocação do Concílio do Vaticano II (1962-1965). Assim, a 25 de janeiro de 1959 anunciou na basílica de São Paulo (Roma) o seu propósito de convocar um Concílio com o intuito de modernizar a Igreja Católica e de a abrir ao mundo dos fiéis e a todos os cidadãos de boa vontade. Ficou internacionalmente conhecido como o “Papa da Bondade” que juntava um sorriso inexcedível, segundo alguns autores, com uma capacidade de diálogo muito invulgar.

 

Este espírito de uma denodada Ética Cristã que presidiu à sua ação pontifícia levou o Papa João Paulo II, no dia 3 de setembro de 2000, no culminar do século XX, a declará-lo Beato. Deve reter-se para um retrato completo da sua mentalidade que em plena 2ª Guerra Mundial, no exercício das suas funções diplomáticas, procurou salvar muitos judeus da monstruosa carnificina Nazi. Foi designado cardeal-patriarca de Veneza em 1953 e aclamado Papa a 28 de outubro de 1958. O seu estudo de São Carlos Borromeu, publicado em 1957, permitiu-lhe compreender com uma interpretação generosa o Concílio de Trento (1545-1563) ao enfatizar o espírito reformista da própria Igreja Católica na Era de Quinhentos que, a seu ver, foi preponderante.

 

Nuno Sotto Mayor Ferrão

 

CLAUDE DEBUSSY (1862-1918), UM GÉNIO CRIATIVO DO ESTILO MUSICAL IMPRESSIONISTA

A música impressionista desenvolveu-se em França nas últimas décadas do século XIX e primeiras décadas do século XX. Claude Debussy foi o “compositor revolucionário” que com a sua obra-prima “Prélude à l’après-midi d’un Faune” inventou este estilo de música inspirado na pintura impressionista, na poesia simbolista e na música asiática. Este compositor criou nas suas obras, a partir de uma linha melódica, várias sonoridades que aludem a metáforas simbólicas que despertam a imaginação e a fantasia dos ouvintes.

 

As artes (pictórica, musical e literária) abandonam as regras clássicas, das representações romântica e realista, procurando inventar novas formas de expressão. Com efeito, tal como na pintura impressionista (em que se destacaram: Claude Monet, Edouard Manet, Edgar Degas e Pierre Auguste Renoir) os efeitos de luz, cor e movimento ganham relevo, através de pinceladas de contrastantes tonalidades, para sugestionar, ao observador, um dado ambiente, em detrimento de pormenores e dos contornos das figuras e dos objectos, também na música a linha melódica dilui-se através do jogo de sons dispersos visando criar, no ouvinte, uma sensação geral.

 

Claude Debussy foi o mentor e o principal criador da música impressionista, mas destacaram-se ainda neste estilo inovador os compositores Maurice Ravel e Erik Satie, que encantaram a cidade luz, da Civilização Ocidental à época, no plano das vanguardas artísticas (Paris). As obras mais paradigmáticas desta corrente foram (além da obra já referida): “La Mer” de C. Debussy e de Maurice Ravel “Bolero” e o bailado “Daphnis et Chloé”.

 

Nuno Sotto Mayor Ferrão

 

 

Pintura de Pierre Auguste-Renoir

 

 

Música de Claude Debussy

 
Música de Claude Debussy
Pintura de Claude Monet
Música de Maurice Ravel

Mais sobre mim

foto do autor

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Links

www.mil-hafre.blogspot.com

www.cortex-frontal.blogspot.com

www.duas-ou-tres.blogspot.com

www.novaaguia.blogspot.com

www.bichos-carpinteiros.blogspot.com

www.fjv-cronicas.blogspot.com

www.sorumbatico.blogspot.com

www.almocrevedaspetas.blogspot.com

www.ladroesdebicicletas.blogspot.com

Perfil Blogger Nuno Sotto Mayor Ferrão

www.centenario-republica.blogspot.com

Centenário da República

Ericeira

Origem das espécies de Francisco José Viegas

Almanaque Republicano

Fundação Calouste Gulbenkian

Centro Cultural de Belém

Blogue Biblioteca Escolar - Agrupamento Damiao de Góis

Biblioteca Nacional

Fundação Mário Soares

Arrastão

Centro Nacional de Cultura

Arquivo Nacional da Torre do Tombo

Academia das Ciências de Lisboa

Cinemateca de Lisboa

Ministério da Cultura

Restaurante - Lisboa

Turismo Rural

Museu da Presidência da República

Site Divulgar blog

Memória Histórica do Holocausto

Dados estatísticos nacionais

Blogue Helena Sacadura Cabral

Comunicação Social da Igreja Católica

Economia e História Económica

Blogue - Ana Paula Fitas

Sociedade Histórica da Independência de Portugal

Literatura - infantil e/ou poética

Biblioteca e Arquivo José Pacheco Pereira

José Saramago - Fundação

Escritora Teolinda Gersão

Escritor António Lobo Antunes

Comemoração do Centenário da República

Museu Nacional de Arte Antiga

Museu do Louvre - Paris

www.industrias-culturais.blogspot.com

Artes Plásticas e Poesia - blogue

Albergue Espanhol - blogue

Actualidades de História

Arte Contemporânea - Fundação Arpad Szenes Vieira da Silva

Literatura - edições antigas

Carta a Garcia - blogue

Blogue da Biblioteca do ISCTE

Crónicas do Rochedo

Lusitaine - blogue

Leituras - livros e pinturas

História do século XX - site espanhol

Associação Cultural Coração em Malaca

Objectiva Editora

Lista de Prémios Nobéis

Perspectivas luso-brasileiras

Análise política - blogue

Arte e Cultura no Brasil

Exposição Viva a República

Revisitar Guerra Junqueiro

História da Guerra Colonial

Prémio Nobel da Literatura 2010

Sociedade de Geografia de Lisboa

Academia Portuguesa da História

Associação 25 de Abril - Centro de Documentação

Casa Fernando Pessoa - Lisboa

Associação Agostinho da Silva

Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

Aministia Internacional

UNESCO

Blogue de Estudos Lusófonos da U. Sorbonne

Entre as brumas da memória - blogue

Comunicação Social - Nacional e Estrangeira

Acordo Ortográfico - Portal da Língua Portuguesa

Países Lusófonos

Margens de erro - blogue

Museu do Oriente

Fotografias Estéticas de Monumentos do Mundo

Monumentos Classificados de Portugal

Mapas da História do Mundo

Informações sobre a União Europeia

Biblioteca Digital do Alentejo

Instituto Nacional de Estatística

Vidas Lusófonas da autoria de Fernando da Silva

Programa televisivo de Cultura

Quintus - Blogue

Fundo bibliográfico dos Palop

Instituto Camões

Museu do Fado

Livraria Histórica e Ultramarina - Lisboa

Reportório Português de Ciência Política - Adelino Maltez

Acordo português com a troika - Memorando de entendimento

Programa do XIX Governo Constitucional da República Portuguesa

Real Gabinete Português de Leitura (Rio de Janeiro)

Bibliografia sobre a Filosofia Portuguesa

Fundação Serralves - Arte Contemporânea

Casa da Música

Portal da Língua Portuguesa

Canal do Movimento Internacional Lusófono

Escritas criativas

Círculo Cultural António Telmo

Revista BROTÉRIA

Desporto e qualidade de vida

Turismo Rural

Município de Ponte de Lima

+ Democracia

I Congresso da Cidadania Lusófona

Organização - I Congresso da Cidadania Lusófona 2,3 abril 2013

Grémio Literário - Lisboa

SP20 Advogados

Zéfiro

Divina Comédia Editores

Hemeroteca Digital de Lisboa

National Geographic

Sintra - Património Mundial da Humanidade

Sinais da Escrita

Classical Music Blog

Open Culture

António Telmo – Vida e Obra

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

British Museum

Université Sorbonne

Museu Guggenheim - Veneza

Universidade de Évora

Biblioteca Digital

Universidade Católica Portuguesa

Biblioteca do Congresso dos EUA

Biblioteca de Alexandria – Egito

Oração e Cristianismo

Notícias e opiniões