Crónicas que tratam temas da cultura, da literatura, da política, da sociedade portuguesa e das realidades actuais do mundo em que vivemos. Em outros textos mais curtos farei considerações sobre temas de grande actualidade.
Crónicas que tratam temas da cultura, da literatura, da política, da sociedade portuguesa e das realidades actuais do mundo em que vivemos. Em outros textos mais curtos farei considerações sobre temas de grande actualidade.
Joana Lopes no blogue “Entre as Brumas da Memória” num texto com o título “Este capitalismo não dá respostas à crise” apresenta-nos uma entrevista a Ulrich Beck que diz que a democracia tem de ser reinventada ao nível transnacional para não ficar refém dos jogos especulativos dos mercados. Osvaldo Castro no blogue “A Carta a Garcia” reproduz uma peça jornalística com o título “Delors diz que responsáveis europeus agiram muito pouco e muito tarde” em que se dá conta da opinião de Jacques Delors de que a preparação do Euro foi precipitada e que a resposta actual é muito tardia.
Ana Paula Fitas no blogue “A Nossa Candeia” no texto “Da austeridade ao ressuscitar dos dilemas históricos” fala-nos da necessidade de revitalizar o aparelho produtivo interno e de pôr cobro às prepotências dos mercados de que os economistas e os políticos têm sido tão subservientes. Lembra-nos que o “fim da História” ainda não chegou, que não houve realmente um casamento do capitalismo com a democracia como antevia Francis Fukuyama nos anos 90. João Rodrigues no blogue “Ladrões de Bicicletas” lembra no texto “Recapitalizações há muitas” que os reforços de capitais dos bancos podem ser feitos para benefício da economia ou para satisfazer a ganância extrema dos banqueiros que pretendem tornar o Estado um refém dos seus interesses.
José M. Correia Pinto no blogue “Politeia” no texto “Preparando o futuro” apresenta-nos uma excelente análise das verdadeiras causas da crise do Euro por detrás da dogmática afirmação de que foi a incompetência dos países latinos ou de influência católica que desencadeou a crise. Na realidade, as causas estruturais são políticas como nos diz Jacques Delors e sobretudo residem na crendice cega colocada na ideologia espalhada por Milton Friedman que conquistou muitos líderes europeus.
Francisco Seixas da Costa no blogue “Duas ou três coisas – notas do Embaixador Português em França” com o texto “Negociar na Europa” fala-nos da necessidade de, face a um novo paradigma institucional que os novos Tratados quererão introduzir para resolver o problema do Euro, em Portugal se encontrarem consensos máximos na sociedade para reforçar o poder negocial num tempo de extrema fragilidade da soberania financeira portuguesa dada a ajuda externa. José Medeiros Ferreira no blogue “Córtex Frontal” no seu incisivo comentário “Sindicatos ressuscitam na Europa” mostra-nos que na Grã-Bretanha os movimentos de contestação social estão a ter uma força inusitada.
Carlos Barbosa de Oliveira no “post” intitulado “Noites de cinema” mostra-nos uma curtíssima metragem de uma extraordinária beleza.
A Europa tem estado num estado de letargia que prenuncia a sua decadência económica, o que aliás é visível com a crise da Zona Euro. No entanto, não nos podemos esquecer que na Europa se encontram as raízes históricas da Civilização Ocidental (no mundo Helénico e no império Romano) e a abertura do mundo à Globalização com os navegadores ibéricos (dos reinos de Portugal e de Castela). Até ao século XVIII alguns países europeus foram, verdadeiramente, hegemónicos nas relações internacionais e só o século XX nos trouxe novas potências mundiais (EUA e URSS). O século XXI viu emergirem novas potências (China, Índia, Brasil, África do Sul, etc) que transformaram a relação de forças do cenário internacional.
O Velho Continente, como é apelidado por alguns, tem um património inequívoco de valores Humanísticos que sempre sustentou e que estão na base da formação da própria Comunidade Europeia nos anos 50, depois de ter visto o seu território devastado por duas guerras mundiais (1914-1918 e 1939-1945), para construir um espaço de paz, prosperidade e liberdade, como bem nos lembra José Medeiros Ferreira no post que a seguir cito.
Na Europa nasceu o regime democrático, em Atenas, na Era de Péricles no século V a.C., nasceu o movimento das Luzes (Iluminismo) no século XVIII que permitiu a emergência dos conceitos de soberania popular, de igualdade, de liberdade e de fraternidade durante a Revolução Francesa que foram decisivos para o fim dos regimes Absolutistas do Antigo Regime. Os países mais atacados pela crise da dívida soberana, resultante de vários factores como o declínio demográfico europeu, os gastos excessivos dos Estados Europeus sem crescimento económico significativo, a par do pernicioso fenómeno especulativo permitido pela “ditadura dos mercados”, na feliz expressão de Stéphane Hessel, têm sido os países que mais enriqueceram a Europa no passado com novas aprendizagens de vivências abertas a outros povos.
O presente da Europa é de aparente decadência material, sem capacidade de fazer crescer a economia de uma forma significativa, desde o início do século XXI agravada pela crise financeira que estalou em 2008, num mundo dominado por uma “economia de casino” em que as finanças são decisivas, mas que reinam sem respeito algum pela Ética Pública, pelo bem-estar e pela qualidade de vida dos cidadãos. Esta Globalização Financeira está ferida de autênticos fundamentos morais.
A Europa é, ainda, e poderá continuar a ser o espaço mais homogéneo de respeito pela tolerância, pela liberdade, pela Defesa dos Direitos Humanos e Democráticos se souber ultrapassar a táctica avulsa do Directório Franco-Alemão e congeminar com criatividade uma estratégia política que favoreça a coesão da União Europeia, porque já vimos que interpretar o cimento europeu no Euro é demasiado arriscado nesta conjuntura internacional. De facto, faltam verdadeiros líderes europeus que com um pensamento de fundo mobilizem os povos da Europa através da força do carisma. Já se viu que não chegamos lá com “déspotas iluminados”…
Vale a pena seguir outras leituras, que nos ajudam a compreender esta problemática, em alguns blogues e vídeos que merecem atenção:
Ana Paula Fitas n’ “A Nossa Candeia” fala da aceitação da imposição das condições do Diretório Franco-Alemão.
Daniel Oliveira fala-nos no "Arrastão", com o sentido de humor que o caracteriza, de Bullying alemão e francês para forçar o primeiro-ministro grego a desistir do referendo.
Francisco Seixas da Costa relata-nos no “Duas ou Três Coisas” as consequências políticas da evolução histórica da União Europeia nos últimos tempos.
José M Correia Pinto frisa-nos no “Politeia” a necessidade de o Banco Central Europeu mudar a sua estratégia de actuação.
José Medeiros Ferreira fala-nos no “Córtex Frontal” da necessidade de voltar a dar espaço à democracia nos países Europeus numa época de decadência financeira e monetária.
A blogosfera é um campo muito vasto da internet que nos fornece informação, documentação e opinião de autores, que vale bem a pena explorar, porque um dos problemas das actuais sociedades da informação é o excesso de dados, sem que estes sejam tratados e convenientemente interpretados. Não é, certamente, pela econometria que tornamos melhor as nossas sociedades, porque se a quantidade e os números permitem métodos de organização, não permitem métodos de escolha que se têm de basear em valores humanistas. Caso contrário, as sociedades passam a ser governadas por tecnocratas e as democracias definham. A liberdade de pensamento e de expressão é uma característica fundamental dos Estados de Direito e a blogosfera é um espaço privilegiado para o seu pleno exercício.
No tempo do sociólogo Max Weber (1864-1920) acreditava-se nos benefícios redentores da burocracia, hoje descrê-se desse paradigma e evolui-se para o paradigma da tecnocracia. No entanto, este novo modelo social não tem dado resposta a uma série de questões humanas na Era da Globalização. Daí o importante papel da blogosfera e da imprensa de opinião para suscitar o debate público de questões de cidadania, de estética, de cultura e mesmo de ciência. Evoco alguns blogues que sigo há longo tempo (Clássicos) e outros que vou descobrindo neste admirável Mundo Novo da internet (Novidades), mas que primam pelas suas diferentes qualidades.
1) Clássicos
a) Cidadania e política
Córtex Frontal – Os Professores Universitários José Medeiros Ferreira e Joana Amaral Dias têm mantido este blogue de temática política com textos curtos de grande acutilância crítica, transbordante de perspectivas lúcidas e questões bem equacionadas. Os seus pertinentes juízos de valor firmam-se em sólidos conhecimentos e em apuradas sensibilidades sociais que têm aberto caminho à necessária reflexão das Esquerdas.
A Nossa Candeia – A Professora Universitária Ana Paula Fitas tem sido uma voz de uma cidadania atenta às questões políticas, sociais e culturais através deste seu blogue que tenho seguido de perto. Tem sido especialmente sensível às questões da igualdade de género, da justiça social e das atrocidades exercidas sobre os Palestinianos.
Politeia – O Professor Universitário José M. Correia Pinto tem um blogue de análise da vida política que, fluente na linguagem e nos argumentos que apresenta, nos oferece visões críticas muito pertinentes de diferentes episódios governativos nacionais.
b) Cultura e actualidades
Duas ou três coisas – notas pouco diárias do Embaixador Português em França – O Embaixador Francisco Seixas da Costa tem-nos oferecido conteúdos de grande qualidade, seja como testemunho memorialista, seja em textos sobre temas da cultura portuguesa, seja em “posts” que versam temas de grande actualidade. É, a par disso, um autor com uma invulgar qualidade literária que dá imenso prazer ler pela grande correcção estilística.
Crónicas do Rochedo – O Jornalista Carlos Barbosa de Oliveira tem um blogue de uma prosa escorreita, emoldurada de belos arabescos poéticos, que se debruça sobre temas de actualidade, de cultura e temas periódicos que lhe servem de fio condutor de várias séries de “posts”, sendo o último “as praias da minha vida”. Recomendo vivamente uma visita.
Nova Águia - É um blogue da revista cultural intitulada "Nova Águia", que homenageia a revista a "Águia", surgida em Portugal no início do século XX , sendo o veículo de notícias referentes à revista e a diferentes eventos culturais.
Milhafre - É o blogue do Movimento Internacional Lusófono que promove notícias, textos e vídeos ligados à problemática da Lusofonia na perspectiva de uma intervenção cívica e cultural.
c) Economia
Ladrões de Bicicletas – É um blogue de vários autores que se debruçam sobre as problemáticas económicas que estão em questão nesta conjuntura de crise financeira das dívidas soberanas do mundo ocidental. Vale a pena tentar compreender os meandros da vida económica a partir da sensibilidade social destes jovens académicos.
2) Novidades
Literatura e Arte – É um blogue da Professora Universitária e Promotora Cultural Yvette Centeno que em textos de análise, aborda obras de escritores e de artistas portugueses, com muito talento e muita perspicácia na busca de aspectos simbólicos.
Gago Coutinho – É um site monográfico dedicado ao Almirante Carlos Viegas Gago Coutinho (Marinheiro, Astrónomo, Geógrafo, Historiador, etc), que em 1922 fez, com Artur de Sacadura Cabral no contexto da comemoração do centenário da independência do Brasil, a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, organizado por um Professor de História e investigador, de nome Rui Miguel da Costa Pinto, que nos apresenta um conjunto de interessantes documentos.
Os meus refúgios – Este blogue de Maria de Deus Botelho de grande qualidade gráfica e com belos textos, imagens e filmes seleccionados de escritores e artistas, merece ser conhecido.
O livro dos seres imaginários – É um blogue brasileiro, com uma excepcional qualidade estética, em que estruturalmente se escolheu reproduzirem-se obras artísticas acompanhadas de excertos poéticos que nos falam do fenómeno do amor.
O professor e investigador Filipe Ribeiro de Meneses, autor do livro agora publicado em Portugal com o título Salazar – Biografia Política[1], afirmava ontem na televisão que o ofício de Historiador exige, deontologicamente, uma aproximação à objectividade. Na verdade, como nos disse, com sentido crítico, o testemunho hagiográfico de Franco Nogueira[2] sobre Salazar tem um valor indesmentível como testemunho memorialístico, no entanto como estudo histórico não tem a necessária distância ideológica e afectiva para se aproximar de uma visão mais imparcial. A vantagem deste estudo mais recente, como salientava no outro dia Francisco Seixas da Costa no seu blogue Duas ou três coisas no texto intitulado "Salazar", advém deste jovem investigador pertencer a uma outra geração com instrumentos metodológicos mais aperfeiçoados que lhe permitiu elaborar uma investigação mais insuspeita. Estou, pois, muito curioso em ler esta obra de grande fôlego.
Vem isto a propósito de um antigo artigo do Historiador Henrique Barrilaro Ruas sobre o regicídio e a República em que a sua visão se deixou cair num parcialismo que tem a ver com o facto de ter sido monárquico e de ter pertencido, na época em que escreveu o artigo “O Regicídio à luz da História Política” ao Partido Popular Monárquico, e inclusive ter sido deputado na Assembleia da República pela Aliança Democrática nos anos de 1979-1983. Deste modo, este autor sentencia a República, como uma das raízes do mal-estar da pátria portuguesa, quando nos diz: “(…) Monstruoso como crime, o Regicídio de 1 de Fevereiro de 1908 é a revelação de que um sistema político imposto ideologicamente por «iluminados» não pode perdurar sem conduzir à morte os homens singulares, e da própria comunidade política.(…)”[3].
Com efeito, a República, que dentro de poucos dias iremos celebrar como cidadãos orgulhosos da nossa pátria, tem de ser vista sem visões ideologicamente parciais, por parte dos Historiadores, para que cada cidadão no íntimo da sua consciência e das suas convicções possa fazer as suas escolhas com uma fundamentação realista, baseada numa sólida Cultura Histórica, e não manipulado por uma qualquer ordem de interesses. A República tem de ser perspectivada ora com os óculos do investigador, ora com os óculos do cidadão, uma vez que se quer que este seja participante de uma democracia autêntica. Nesta medida, a Exposição “Viva a República” patente na Cordoaria Nacional, em Lisboa, até, pelo menos, ao fim de Novembro de 2010 merece uma visita, para quem está interessado em conhecer melhor esse período histórico, por ter sido levada a cabo por prestigiados especialistas da temática.
Desta forma, há que separar o campo Historiográfico do campo da intervenção cívica. E, aliás, no campo da intervenção cívica devem ser declarados os interesses e as convicções que se estão defender por uma questão de honestidade e probidade intelectual. É legítimo sustentarem-se todos os argumentos com transparência, mas sem se ocultarem as reais motivações ideológicas, os interesses políticos ou económicos que estejam por detrás. O grande Historiador da Cultura, Joel Serrão, escrevendo sobre Antero e Herculano no Jornal das Letras[4], no início dos anos 80, enfatizou as preocupações éticas que moldaram as obras destes dois intelectuais. Em suma, só as preocupações metodológicas de rigor intelectual e a transparência ética podem garantir intervenções científicas e cívicas de insuspeitado valor.
Nuno Sotto Mayor Ferrão
[1] Filipe Ribeiro de Meneses, Salazar - Biografia Política, Lisboa, Edições Dom Quixote, 2010.
[3] Henrique Barrilaro Ruas, “O Regicídio à luz da História Política”, in Ensaio – Folha de Cultura e Opinião, nº 2, Fevereiro-Março de 1981, p. 3.
[4] Joel Serrão, “Antero e Herculano”, in Jornal de Letras, Artes e Ideias, Director José Carlos Vasconcelos, Ano I, nº 10, 7 a 20 de Julho de 1981, pp. 6-7.
O 11 de Setembro de 2001 foi sem dúvida uma terrível página da História Universal que se traduziu no massacre horripilante e sanguinolento de milhares de inocentes...[1] O colapso do World Trade Center e de parte do Pentágono mostrou ao mundo a vulnerabilidade das grandes potências.
Deixo a minha homenagem às vítimas, inocentes, da tragédia de 11 de Setembro de 2001 que merecem que lutemos por um mundo melhor onde estes horrores não voltem a ser possíveis! Só podemos tentar evitar que se repitam novos Holocaustos, novas Guerras Mundiais, novos 11.9.2001 se houver bom senso da parte dos líderes e dos povos e um paradigma Civilizacional que se distinga pelo primado da Ética e pela sensibilidade solidária através de uma ONU com poderes reforçados.
Com efeito, a ideia do "American Way of Life" sempre me pareceu uma ilusão caleidoscópica a que muitos cidadãos Europeus se agarravam. Nunca me identifiquei muito com a distintíssima visão do grande pensador Alexis de Tocqueville[2] que, no século XIX, retratou os EUA como o país por excelência da liberdade. Sempre compartilhei mais o pensamento de Noam Chomsky[3] que vislumbrou o povo Norte Americano como materialista, egoísta e individualista que potenciou que as rédeas de R. Reagan, Bush pai e Bush filho levassem esta nação a uma violenta crise de auto-estima que começou com o 11/9/2001 e se prolongou até à crise capitalista despoletada pelas gigantescas fraudes financeiras descobertas na esteira de Bernard Madoff.
Assim, os EUA estão muito longe de servir de paradigma Civilizacional. Tornaram-se mais modestos e mais prudentes com o Presidente Barak Obama é certo, mas precisam de se concentrar mais na casa comum, da Humanidade que é o nosso planeta, se querem ver-se reconhecidos com autoridade moral.
Se é certo que, na primeira metade do século XX, houve Presidentes Norte Americanos com apuradas sensibilidades sociais e senso ético (por exemplo, W. Wilson ou D.F. Roosevelt), na segunda metade do século XX e início do século XXI destacaram-se mais os Presidentes com perfis menos sérios ou mais aguerridos, embora se possa encontrar uma ou outra excepção. Em todo o caso, os EUA tornaram-se o símbolo da sociedade da abundância com um claro embotamento das virtudes espirituais e éticas.
Na realidade, podemos traçar um paralelo interessante entre o paradigma Civilizacional Norte-Americano e o paradigma Civilizacional que os Romanos ergueram na Antiguidade Clássica que desembocou numa forte Crise Ética na época de declínio deste Império, como se verifica actualmente com os EUA. Assim, a exacerbação da mentalidade individualista e competitiva e a filosofia do Pragmatismo[4] que os Norte Americanos criaram acabou por moldar um Modelo Civilizacional em que os Europeus pouco acreditam. Não nos devemos iludir, pois o princípio do "salvação social do mais forte" é a lógica do darwinismo social que não permite sociedades mais coesas, mais solidárias, com sentido Ético e suscitadoras de espiritualidades criativas. Não concebo que seja este o paradigma para uma Humanidade mais feliz, socialmente mais justa e mais pacífica!
Nuno Sotto Mayor Ferrão
[1] Foi da leitura, da observação e do comentário dos seguintes “posts” bem interessantes: do Embaixador Francisco Seixas da Costa intitulado “Duas cidades” no seu blogue Duas ou três coisas – notas pouco diárias do Embaixador Português em França, da Professora Ana Paula Fitas intitulado “11 de Setembro – Nove anos de um impacto ainda em curso” do seu blogue A Nossa Candeia e do impressionante documentário que o Advogado Osvaldo Castro nos apresentou intitulado “Memorial 9/11, Goodbye Blue Sky, Pink Floyd" no seu blogue Carta a Garcia que este texto se tornou possível, como podem confirmar nas respectivas caixas de comentários destes blogues.
[2] Alexis de Tocqueville, Da democracia na América, Cascais, Ed. Principia, 2002 ( prefácio de João Carlos Espada ).
[3] Noam Chomsky, Neoliberalismo e ordem global – crítica do lucro, Lisboa, Notícias Editorial, 2000.
[4] A escola filosófica Norte-Americana do Pragmatismo, que enfatizou a necessidade de tornar todos os conhecimentos utilitários, teve em Ralph Waldo Emerson, Charles Sanders Peirce e William James os seus grandes doutrinadores.
No primeiro aniversário deste blogue, iniciado a 23 de Julho de 2009, quero partilhar convosco algumas ideias. É com gratidão, e imenso prazer, que tenho sentido um caloroso acolhimento por parte do público leitor. Agradeço, por isso, todo o apoio, atenção, estímulo e paciência que muitos amigos e leitores me têm dispensado. Com efeito, tem sido com muita satisfação que tenho escrito para este blogue que se tem desenvolvido em função de temas culturais, em textos longos de maior pesquisa ou em textos breves de maior vigor inspirativo, embora não tenha dado tanta relevância aos temas da actualidade como inicialmente tinha definido na filosofia deste projecto.
Tudo começou quando, no Verão de 2008, comecei a escrever uns textos manuscritos que depois enviei pela Internet a alguns amigos e a perceber, em seguida, existir alguma receptividade geral. No início de 2009 fiz circular uns textos sobre política educativa e política geral, que se podem ainda hoje encontrar na Internet, que tiveram uma empática recepção no contexto da crispação entre os docentes e a tutela. Houve, em particular, uma colega de Língua Portuguesa da Escola Secundária, onde anteriormente leccionei, que teceu considerações muito simpáticas sobre um dos meus textos e que o ajudou a divulgar. Fico-lhe, por isso, muito grato e este projecto é resultado deste e de outros importantes contributos que abaixo menciono.
Em Junho de 2009, após uma formação espiritual sobre o apóstolo São Paulo, a propósito da comemoração dos dois mil anos do seu nascimento, fui convidado a fazer uma pequena comunicação, a título de testemunho, na Igreja da minha paróquia que depois transformei num texto insuflado de inspiração, que se tornou o “post” inaugural do blogue intitulado “A Modernidade Cultural e Cívica do apóstolo São Paulo – o apóstolo dos gentios”, a seguir a ter participado num debate aberto numa conferência, sobre esta eminente figura histórica e religiosa, proferida pelo Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa.
Devo, também, uma palavra de grande reconhecimento ao meu amigo Professor Doutor José Medeiros Ferreira que me estimulou a continuar a desenvolver pesquisas históricas e a escrever novos textos. Foi, também, muito relevante o “post” que escreveu no seu antigo blogue “Bicho Carpinteiro” sobre o aparecimento destas “Crónicas”. Espero que passado um ano, este trabalho, não lhe tenha frustrado as expectativas.
As encorajadoras palavras recebidas de um dos nossos grandes Pensadores têm-me, também, dado bastante alento para continuar a escrever e a partilhar, neste blogue, textos de reflexão e de pesquisa.
Tenho desenvolvido ainda o gosto de viajar na blogosfera e de fazer comentários em blogues com os quais me identifico e em que encontro conteúdos de qualidade. Foi, por isso, extremamente importante o incentivo e a troca de ideias com autores de outros blogues, como sejam os casos: do Embaixador Francisco Seixas da Costa, da Professora Doutora Ana Paula Fitas, do Deputado e Advogado Osvaldo de Castro, dos Jornalistas João Rodrigues e Carlos Barbosa de Oliveira, etc. Quero também deixar uma palavra de agradecimento à amiga e escritora Gilda Nunes Barata que através das suas lisonjeiras palavras e pertinentes sugestões me deu ânimo, bem como o incentivo e o impulso que me foi dada pelo Doutor Renato Epifânio, Investigador na área da Cultura Contemporânea, com o qual partilho uma mesma convicção lusófona.
Devo ainda à gentileza de uma colega de trabalho o ensinamento para a incorporação de vídeos no blogue, que têm sido muito úteis para divulgar música clássica e introduzir excertos audiovisuais de valor histórico. “Last but not least”, não me esqueço do inestimável estímulo que a Rita (minha “cara-metade”), os meus pais, os muitos amigos e alguns primos me têm dado no desenvolvimento deste aliciante projecto.
De acordo com a estatística do “Sitemeter”,o blogue já conta com alguns poucos milhares de visitas, desde 12 de Fevereiro de 2010, altura em que introduzi este contador. Por mês, em média, tem registado, com algumas variações, mais de 1000 visitas mensais e nota-se já alguns leitores fiéis que o visitam regularmente, o que me deixa muito satisfeito. Em termos de interactividade, este blogue já recebeu várias dezenas de comentários que têm contribuído para transmitir uma palavra de estímulo ou para aprofundar o debate em torno dos temas tratados. Bem-haja a todos os que têm contribuído para o crescimento e amadurecimento sustentado deste blogue!
Para terminar direi que os meus propósitos iniciais poderão ter ficado aquém, na medida em que as questões políticas directas e os textos de grande actualidade foram em pequeno número. Espero, em todo o caso, que vocês, caríssimos leitores, sejam benévolos, continuem interessados e possam deixar sugestões para que possamos tornar este projecto cada vez mais apelativo e interactivo!
Cordiais saudações a todos, caríssimos leitores e amigos, Nuno Sotto Mayor Ferrão
No blogue Almanaque Republicano José M. Martins recorda o memorável investigador e bibliófilo José Vitorino de Pina Martins em "In Memoriam de José Vitorino de Pina Martins"
No blogue A Nossa Candeia destaco o critério de Ana Paula Fitas que evidencia a profunda beleza do pensamento de Jean Paul Sartre intitulado "Breves...de um pensador"
No blogue A Carta a Garcia sublinho a pertinente evocação histórica de Osvaldo Castro da revolta estudantil da Associação Académica de Coimbra de 1969 que fizeram tremer o Marcelismo intitulado "A revolta estudantil de 17 de Abril em Coimbra, já lá vão 41 anos"
No blogue Crónicas do Rochedo Carlos Barbosa de Oliveira fez uma sagaz reflexão sobre o ingente papel das cidades na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos intitulado "Expo 2010 abriu hoje"
(Texto de) Francisco Seixas da Costa in Blog – Duas ou três coisas – Notas pouco diárias do Embaixador Português em França, publicado no dia 14 de Fevereiro de 2010
Perseguidos pela ditadura militar, alguns dirigentes republicanos portugueses exilaram-se em Paris, no final dos anos 20 do século passado. Aqui formaram a Liga de Defesa da República, vulgarmente conhecida como a Liga de Paris, de que uma das principais figuras foi Afonso Costa (na imagem).
Neste ano em que se comemora o centenário da República, convidei o professor Fernando Rosas, catedrático da Universidade Nova de Lisboa e diretor do seu Instituto de História Contemporânea, a organizar, na Embaixada em Paris, um colóquio sobre a Liga de Paris. Nomes como os professores Luís Farinha, Cristina Clímaco e Yves Leonard apresentarão também comunicações.
O colóquio terá lugar no dia 14 de Maio. Porque os lugares são limitados, os pedidos de acesso devem ser dirigidos à Embaixada de Portugal em Paris, pelo e-mail diffusion.ambportparis@gmail.com ou através do espaço de comentários deste post. (no blogue “Duas ou três coisas: Notas pouco diárias do Embaixador Português em França” de Francisco Seixas da Costa” acessível em www.duas-ou-tres.blogspot.com )
Em tempo de balanço do ano de 2009 em termos de leituras estimulantes da Blogosfera começo por evocar cinco blogues que mais me entusiasmaram e mais chamaram a minha atenção. De seguida, faço uma segunda selecção dos blogues que, por razões diversas, despertaram a minha curiosidade em 2010. Já em finais de Agosto do ano passado escrevi uma crónica intitulada “A Literatura e a Blogosfera” em que dei a conhecer algumas das minhas preferências por determinados blogues.
Aqui fica a minha selecção de blogues de 2009:
·Duas ou três coisas ( www.duas-ou-tres.blogspot.com )- este blogue apresenta qualidade na forma e na substância, visto que a linguagem é literariamente apelativa e simultaneamente nos apresenta temas de relevante actualidade política e cultural e, por vezes, o Embaixador Francisco Seixas da Costa deixa-nos testemunhos pitorescos ou significativos da sua vida diplomática. Recomendo vivamente uma visita.
·Bicho Carpinteiro ( www.bichos-carpinteiros.blogspot.com ) – este blogue revelou-se uma referência pela qualidade dos colaboradores, em particular o Professor José Medeiros Ferreira e a Professora Joana Amaral Dias mais interventivos, associada à capacidade de síntese manifestada no tratamento dos temas de natureza essencialmente política e social. Destacou-se, ainda, pela originalidade dos pontos de vista apresentados e pelas sentenças ou juízos de valor enunciados, restaurando uma crítica de sentido moral que fazia falta à vida portuguesa, quase a fazer lembrar o espírito acutilante de José Ramalho Ortigão nas “Farpas”.
·Crónicas de Francisco José Viegas ( www.fjv-cronicas.blogspot.com ) – este blogue deste consagrado jornalista e escritor afirma-se pela, qualidade da sua prosa, pelas interpretações originais com que nos presenteia em temas literários, sociais ou futebolísticos. Por outro lado, dá-nos indicações de livros com juízos de valor que nos podem sugerir cativantes leituras e no fim brinda-nos, quase sempre, com citações caricatas de outros blogues.
·Sorumbático ( www.sorumbatico.blogspot.com ) – este blogue reúne uma panóplia de eminentes intelectuais e cientistas, de que em particular gosto de ler os textos de António Barreto e de Maria Filomena Mónica, que tratam de temas culturais e de actualidade bem pertinentes. Também se destaca pelas imagens de sensibilização cívica, pelas fotos artísticas de António Barreto e pela divulgação de cartoons antigos.
·Almocreve das Petas ( www.almocrevedaspetas.blogspot.com ) – este blogue afirma-se pelo corrosivo sentido de Humor de grande inspiração, a fazer lembrar a veia sarcástica de Rafael Bordalo Pinheiro, que retrata com muita sagacidade a classe política. É, igualmente, muito interessante pelas indicações de apaixonado bibliófilo que nos deixa ao nível de temas de História e de exemplares para coleccionadores. Recomendo vivamente uma visita.
Aqui fica a selecção das agradáveis surpresas que tive oportunidade de conhecer em 2010:
·Córtex Frontal ( www.cortex-frontal.blogspot.com ) – saúdo com muita satisfação o aparecimento deste blogue que conta com a presença de dois eminentes cronistas e comentadores, da nossa sociedade, de espírito independente ( Professor José Medeiros Ferreira e Professora Joana Amaral Dias ), a fazer lembrar os livres-pensadores, capazes de visões críticas da política nacional e internacional associadas a invulgares capacidades de síntese e de comunicação firmadas em apuradas sensibilidades. Recomendo vivamente uma visita.
·Nova Águia ( www.novaaguia.blogspot.com ) – este blogue é o prolongamento cívico e mental da pertinente revista “Nova Águia”, que procura homenagear a reconhecida revista “A Águia” e a brilhante geração intelectual que nela colaborou, num tempo presente de crescente apagamento cultural das nossas sociedades. Este espaço da blogosfera desenvolve temas de relevante interesse para a cultura lusófona e atribui espaço à estética, à filosofia, à poesia, à história e a outros temas afins.
·Milhafre ( www.mil-hafre.blogspot.com ) – este blogue emergiu pelo dinamismo dos seus promotores que percepcionaram a importância de uma intervenção cívica e cultural que realçasse as actividades e as reflexões ligadas à identidade lusófona, no sentido de ajudar a aprofundar a estratégia da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Recomendo vivamente uma visita.
No seguimento do texto intitulado “A Literatura e a Blogosfera” quero deixar os links de alguns blogues, bastante interessantes, que citei. Agradeço, também, com bastante apreço a menção muito aprazível que o Excelentíssimo Senhor Professor Doutor José Medeiros Ferreira faz no incontornável blogue “Bichos-carpinteiros” a este meu blogue. Aliás, alguns dos blogues, sobre os quais teço considerações, fiquei a conhecê-los por clarividente indicação deste meu estimado amigo e antigo Professor.
Aqui deixo, pois, registados os endereços electrónicos destes meritórios blogues, que vivamente os recomendo à leitura, dos internautas interessados, devido à qualidade dos diversos conteúdos que nos apresentam:
Ericeira, 3 de Agosto de 2009 “Dissertações literárias e escritos marcantes da blogosfera nacional”(13)
O imaginário literário, ficcionado e ideológico, molda a mundividência de todo o indivíduo humanista. Pretendo, pois, com esta crónica dar-vos a conhecer as obras literárias e os textos da blogosfera que mais me fascinam por variadas razões.
Em verdade, na minha juventude fui atraído pela literatura de aventuras, como era bem comum nos jovens da minha geração, que incitava a nossa imaginação com o heroísmo de alguns carismáticos protagonistas. Nesta minha fase, de crescimento pessoal, assumiram particular relevo no meu espírito a leitura de histórias misteriosas, como Os Cinco ou Os Sete de Enid Blyton, ou de enredos épicos com um fundo de justiça social, como Sandokan, o Tigre da Malásia de Emílio Salgari em que o herói defende, de forma altruísta, os mais fracos ou como Raízes de Alex Haley, em que Kunta Kinte capturado em África como escravo foi levado para os Estados Unidos da América, onde se desenrola a sua vida e a dos seus descendentes até à libertação final com o sistema abolicionista.
Já na idade adulta, com uma paixão pela escrita a fervilhar em mim, comecei a admirar a fluência estilística dos textos de Fialho de Almeida n’ Os Gatos e de José Ramalho Ortigão n’ As Farpas em que ao valor estético da elegante linguagem utilizada se soma a análise realista de situações e de acontecimentos seus contemporâneos. Importa destacar, também, que exerceu influência sobre este meu fascínio literário a minha vontade, frustrada, de vir a ser jornalista e de, eventualmente, moldar o cariz da minha escrita pelo estilo cativante destes autores portugueses de nomeada.
Num período mais amadurecido do meu desenvolvimento intelectual descobri dois escritores que marcaram, por identificação idiossincrática ou por afinidade com a forma e o conteúdo literário, o imaginário simbólico das minhas referências literárias. Estes autores emblemáticos, por quem nutro uma significativa predilecção, são os escritores internacionais, de sensibilidade latina, Ítalo Calvino e Mário Vargas Llosa.
Ítalo Calvino, de que possuo a obra literária quase completa, encantou-me com os seus romances irónicos, fantasiosos, de situações “surreais”[1] fruto de uma prolífica imaginação que propicia, de forma ambivalente, o exercício do sentido crítico mediante as alegorias presentes nas suas histórias ou, nos antípodas, mediante a abstracção em relação às contingências da própria realidade. Dos seus livros que mais me entusiasmaram devo destacar Marcovaldo, um romance de sátira ao Homem contemporâneo, e o Barão Trepador que, constituí uma peça de uma trilogia literária[2], sendo um livro muito elogioso das virtudes utópicas dos ideais Iluministas.
Por sua vez, o substrato cultural clássico subjacente nos romances de Mário Vargas Llosa, um escritor muito autodisciplinado de feição estóica como se anunciou em mediática entrevista na televisão portuguesa à tempos atrás, bem como a sua fluente linguagem de sabor gramatical clássico cativam os leitores intelectualmente mais exigentes. Destaco como livros da sua lavra que mais me inspiraram pela abordagem da temática “liberdade versus felicidade”: O falador, Os cadernos de Dom Rigoberto, O elogio da Madrasta e O Paraíso na outra esquina.
Tem interesse saber que estes autores ideologicamente se situam nos antípodas em termos de posicionamento no quadrante político, porque Ítalo Calvino foi um comunista com uma forte militância antifascista de luta contra o regime totalitário de Benito Mussolini, enquanto Mário Vargas Llosa teve, também, uma posição política vincada ao concorrer como candidato presidencial, por um partido conservador de Direita, derrotado, no Peru em 1990. Não obstante, esta clivagem política entre estes autores une-os uma idêntica sensibilidade latina atenta ao quadro emotivo dos seres humanos.
Gostava, agora, de vos dar a conhecer as minhas actuais preferências, da blogosfera nacional, pelos Blogues que mais aprecio. Vou proceder a uma selecção de alguns Blogues portugueses, a que costumo estar atento pela qualidade dos seus conteúdos culturais ou políticos. O denominador comum destes diversos Blogues é o requinte da elegância da forma literária empregue ou a profundidade e originalidade dos seus conteúdos interpretativos.
Começo por evocar, com prazer, o Blogue chamado Bicho Carpinteiro, que tenho seguido desde 2007, acompanhando, sobretudo, as sentenças políticas, os aforismos e as observações históricas de textos curtos do Professor Doutor José Medeiros Ferreira. De natureza bastante similar tenho seguido o Blogue do, jornalista e político, Miguel Portas, intitulado Entre Muros que nos tem dado a conhecer, com transparência, episódios da sua vida de eurodeputado ou de jornalista internacional de intervenção social.
Ainda no mesmo comprimento de onda, no âmbito da análise política, sigo com grande curiosidade, de leigo na matéria, o Blogue Ladrões de Bicicletas que normalmente nos brindam com estimulantes artigos sobre economia ou política económica subscritos por reputados economistas com convicções próximas da esquerda anti-neoliberal, com análises mordazes da governação de José Sócrates, assinados por jovens com percepções, autenticamente, socialistas como João Rodrigues, Ricardo Pais Mamede, Nuno Teles, Jorge Bateira, etc.
Por idêntico diapasão político afina o historiador e eurodeputado do Bloco de Esquerda, Rui Tavares, no seu Blogue pessoal, que premeia a nossa curiosidade, pelo reino da blogosfera de qualidade, com interessantes textos de reflexão política sobre ideias, de fundo, perspectivadas com imensa criatividade intelectual.
No terreno da divulgação da cultura internacional e nacional quero mencionar dois notáveis Blogues que me entusiasmaram pela sua qualidade literária e pela pertinência da análise de conteúdos. Designadamente, o primeiro intitula-se Crónicas de Francisco José Viegas[3], da autoria deste reconhecido jornalista e escritor, recentemente galardoado no dia de Portugal com uma ordem honorífica pelo Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, que bem merece uma visita dos internautas de formação humanista devido ao seu estilo gracioso de linguagem que nos vai desvendando relevantes referências culturais, mal conhecidas do grande público.
O segundo Blogue, do mesmo teor, que recomendo vivamente, aos interessados leitores, uma incursão exploradora chama-se Sorumbático, pois tem um conteúdo muito diversificado com colaborações de prestigiados colunistas, mediáticos, como sejam António Barreto, Maria Filomena Mónica, Saldanha Sanches, Baptista Bastos, Alfredo Barroso, Joaquim Letria, Alice Vieira, etc. Concomitantemente, neste fascinante Blogue aparecem conteúdos bem originais, dado que além dos artigos de opinião, sempre cativantes, são também apresentados “cartoons” antigos, fotografias artísticas de António Barreto, imagens de denúncia cívica “de barbaridades” praticadas na cidade de Lisboa, concursos de âmbito cultural, etc. Vale, mesmo, a pena uma atenta viagem a este Blogue.
No patamar dos Blogues de temática híbrida quero realçar aquele que é escrito numa linguagem escorreita pelo Senhor Embaixador Francisco Seixas da Costa, com o nome de Duas ou Três Coisas, em que se conjugam pequenos relatos memorialísticos da sua vida diplomática, em que nos apresenta factos anedóticos ou factos significativos que bem podem futuramente vir a ilustrar os anais da História Diplomática Portuguesa Contemporânea, com outros textos em que nos mostra as suas meritórias iniciativas em prol da divulgação da Cultura Portuguesa em França.
Finalmente, pretendo destacar um Blogue de um autor incógnito, cujo sugestivo título é O Almocreve das Petas, que oferece, às almas capazes de entenderem as subtilezas da arte irónica, notáveis discursos de sátira política que desmistificam os actores da vida política nacional com muita graça e engenho[4]. Por último, a juntar a estes dons comunicativos o autor parece ter uma “costela alentejana”, na divertida linguagem coloquial que emprega, que me faz invejá-lo por esse apuradíssimo sentido de humor, não obstante use misteriosamente a alcunha de “Masson”[5]…
Em resumo, é lícito asseverar que o imaginário literário, formal e substantivo, e o actual universo da blogosfera nacional, de conteúdos ideológicos e ideográficos, moldam a minha mundividência humanista descrente das exageradas convicções tecnocráticas que infestaram a mentalidade das sociedades desenvolvidas dos nossos dias[6].
Nuno Sotto Mayor Ferrão
[1] Enquadra-se, alias, nesta corrente artística designada por Surrealismo que teve maior expressão sobretudo na pintura e no cinema. [2] As outras peças dessa trilogia literária de Ítalo Calvino, passíveis de serem lidas em conjunto ou em separado, são O visconde cortado ao meio e O cavaleiro inexistente. [3] Sem saber o quadrante político de Francisco José Viegas nota – se no seu pensamento um cunho conservador de Direita. [4] O tom humorístico deste Blogue, salvaguardando as devidas distâncias contextuais, fazem lembrar a veia cómica e verrinosa do imortal escritor Miguel Cervantes na celebérrima obra-prima D. Quixote de la Mancha. [5] É óbvio que o seu autor é uma pessoa bem informada e muito culta, mas será algum membro maçónico a ocultar-se por detrás desta misteriosa designação? [6] Cf. “O desenvolvimento dos povos e a técnica”, in Bento XVI, Caridade na verdade – Carta enciclíca de Bento XVI, Prior Velho, Paulinas Editora, 2009, pp. 109-120.