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Crónicas do Professor Nuno Sotto Mayor Ferrão

Crónicas que tratam temas da cultura, da literatura, da política, da sociedade portuguesa e das realidades actuais do mundo em que vivemos. Em outros textos mais curtos farei considerações sobre temas de grande actualidade.

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UMA HISTÓRIA UNIVERSAL DAS PANDEMIAS ATÉ AO SURTO DA DOENÇA COVID-19 – PASSADO, PRESENTE E FUTURO

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A pandemia do surto do COVID-19 está a provocar medo em todo o mundo, tendo despolutado um número colossal de infetados e de milhares de mortos.

 

Em outras épocas da História, verificaram-se pandemias com consequências demográficas igualmente bastante nefastas, como é o caso da varíola que perturbou a vida da humanidade por milhares de anos, afetando personalidades das elites, desde o faraó Ramsés II ao rei D. Luís XV de França. Este vírus era transmitido de pessoa a pessoa através das vias respiratórias, tendo sido erradicada do mundo, no fim do século XX, em resultado de uma vacinação massiva.

 

A peste bubónica disseminou-se entre os seres humanos no contacto com pulgas e roedores, sendo considerada a doença que propagou a Peste Negra e devastou  populações da Europa, da Ásia e da África no século XIV e que provocou a morte a cerca de 50 milhões de pessoas.

 

Este surto pandémico reduziu, substancialmente, a população mundial e europeia. O desespero pairava nas pessoas da época, levando muitas a rezarem pelo fim do surto. Alguns historiadores afirmam que este fator de crise ajudou ao desenvolvimento económico da Europa e potenciou a expansão imperialista europeia. As atividades agrícolas foram muito afetadas, uma vez que os proprietários tinham grande dificuldade em contratar mão-de-obra.

 

No século XVI, os espanhóis, na conquista militar dos territórios da América Central e do Sul, disseminaram doenças mortais entre as populações ameríndias, tendo levado a uma forte quebra demográfica destas populações.

 

Milhões de pessoas nativas morreram no decurso desta conquista do império espanhol, havendo uma perda de cerca de 60 milhões de indivíduos, sendo muitas das mortes causadas por estas doenças. Entre estas doenças mortais contam-se a varíola, o sarampo, a gripe, a peste bubónica, a malária, a difteria, o tifo e a cólera. Esta catastrófe humanitária gerou o definhamento das Civilizações Ameríndias (dos Incas, dos Maias e dos Astecas).

 

No século XVII, houve, na China, um surto epidémico levando à queda da dinastia Ming, que perdurava no poder desde três séculos antes com uma forte hegemonia sobre a região do leste asiático. Esta epidemia chegou ao norte da China, em 1641, provocando uma forte mortalidade.

 

Convém recordar que uma grande parte da muralha da China foi edificada durante a dinastia Ming. Esta mortandade terá sido originada por uma confluência da peste bubónica e da malária, trazida por povos invasores do norte, os quais derrubaram esta dinastia. Estes invasores submeteram a Manchúria e instauraram a dinastia Qing, que depôs a dinastia Ming, estabelecendo assim um novo império.

 

No início do século XIX, a febre amarela assolou alguns domínios coloniais. Esta febre, em conjunto com rebeliões de escravos, originou o fim do poder colonial francês, no Haiti. Assim, em 1801, o líder nativo Toussaint Louvert passou a governar o Haiti e, após várias vissicitudes, o país tornou-se independente.

 

Napoleão Bonaparte, descontente com o rumo dos acontecimentos na ilha, enviou milhares de soldados para submeterem a rebelião dos haitianos. Do ponto de vista militar, aparentemente, tiveram sucesso. No entanto, o efeito da febre amarela levou cerca de 50 mil soldados, oficiais, médicos e marinheiros a falecerem e somente 3 mil homens regressaram a França cabisbaixos. As forças francesas revelaram não ter imunidade à febre amarela, o que determinou o êxito da independência haitiana. Com este malogro, Napoleão Bonaparte abandonou as ambições coloniais francesas na América do Norte, tendo vendido, pouco tempo depois, o território da Louisiana ao governo dos Estados Unidos da América.

 

Em 1817, houve uma epidemia global de cólera, que matou muitos milhares de pessoas. A bactéria propiciadora do surto sofreu diversas mutações e causou novas vagas epidémicas em várias épocas posteriores. A sua transmissão sucede com base no consumo de água ou de alimentos contaminados, sendo frequente em territórios pouco desenvolvidos. Recentemente, o Haiti, em 2010, foi fortemente atingido pela cólera.

 

Originária da Ásia, designadamente da Índia e do Bangladesh, a cólera disseminou-se por outros continentes no quarto quinquénio do século XIX, tendo-se dispersado por outros continentes. Já existe uma vacina contra a cólera e que, embora não seja totalmente eficaz nesta doença, tem sido tratada à base de antibióticos.

 

No final do século XIX, verificou-se a peste bovina africana, concomitantemente à expansão colonial europeia, que tem sido designada pelos historiadores como “corrida a África”. Esta peste infetou grande parte do gado em África, originando uma enorme mortandade entre o gado bovino, sem ter afetado diretamente as comunidades humanas.

 

Este fenómeno aconteceu no contexto da intensificação da colonização europeia em África, que levou as potências europeias a explorarem o interior do continente e as suas riquezas. Entre 1888 e 1897, o vírus da peste bovina matou uma grande parte do gado africano, o que desencadeou uma devastação nas populações nativas africanas no sudeste, no sudoeste e no ocidente do continente, ao originar a fome e a migração de muitos refugiados das regiões dizimadas. Pouco tempo antes, tinha-se realizado entre 14 potências europeias a Conferência de Berlim, em 1884-1885, para estabelecer os critérios de ocupação e da divisão do continente africano entre as nações europeias, sem ter em conta as populações autóctones.  

 

Além das regiões da pastorícia, também as áreas agrícolas foram afectadas, dado que no trabalho dos campos se utilizavam os bois para arar a terra. Este ambiente de crise nas atividades económicas das populações africanas acabou por facilitar a colonização europeia de grandes regiões deste continente, no fim do século XIX.

 

De facto, na década de 1870, apenas uma parte ínfima do continente africano estava sob o controlo europeu, limitada às zonas litorais mas, em finais de Oitocentos, a maior parte das regiões africanas eram dominadas pelas nações europeias. A debandada das populações africanas, gerada pelo surto de peste bovina, estimulou a apropriação de terras por parte dos colonos europeus.

 

A gripe pneumónica, também conhecida como gripe espanhola, foi a maior pandemia da história da humanidade, tendo provocado a morte de 50 a 100 milhões de pessoas, nos anos de 1918-1919, por todo o mundo. A sua mortalidade foi superior à verificada no período da Peste Negra, no século XIV.

 

A pneumómica também ficou conhecida como gripe espanhola, visto que, no decorrer da Primeira Guerra Mundial, em período de censura de guerra na imprensa europeia, os periódicos espanhóis noticiavam evidências do surto epidémico. Muitos países foram afetados, como foi ocaso do Brasil onde o próprio presidente da República, Rodrigues Alves, morreu da doença, em 1919.

 

Em Portugal, a gripe pneumónica chegou durante o mês de maio de 1918 e encontra-se muito bem descrita no romance histórico de Francisco Moita Flores – Mataram o Sidónio!. Neste país, algumas regiões foram dizimadas com uma perda populacional da ordem dos 10%.

 

O combate ao surto epidémico, em Portugal, foi dirigido pelo Diretor Geral de Saúde, Ricardo Jorge, que deu nome ao atual Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, que nestes dias tem feito uma investigação aprofundada ao coronavírus 2019.

 

A política de Saúde Pública do Doutor Ricardo Jorge passou, na época, por encerrar escolas e proibir feiras e romarias, tendo-se convertido muitos espaços públicos em enfermarias. No entanto, a situação revelou-se bastante caótica, como muito bem nos descreve Francisco Moita Flores, no seu referido romance histórico.

 

A gripe de 1918 foi causada pelo vírus influenza A do subtipo H1N1, que se revelou, com muita frequência, mortal. A origem geográfica desta pandemia é desconhecida, ao contrário da atual gripe COVID-19, que consta ter tido o seu início num mercado da cidade chinesa de Hubei. Os sintomas da gripe espanhola eram muito idênticos aos do atual COVID-19, e não existia também qualquer cura.  A doença foi detectada, pela primeira vez, a 4 de março de 1918, no Kansas, nos Estados Unidos da América e, em Nova Iorque, a 11 de março.

 

Na Europa, as primeiras manifestações da doença verificaram-se, em abril de 1918, em tropas francesas, britânicas e americanas posicionadas em portos franceses, no decurso da Primeira Guerra Mundial. Todas as tropas beligerantes em confronto foram dizimadas por este surto infecioso.

 

No ínicio do século XXI, em 2009, surgiu, no México, um vírus nos porcos – H1N1 -, designada gripe suína, que se propagou no mundo e matou cerca de 16 mil pessoas. O contágio acontece, de forma similar, ao que sucede à disseminação da doença chamada COVID-19 através de gotículas respiratórias ou de superfícies contaminadas. No entanto, a pandemia do Coronavírus de 2019 está a ser bastante mais mortífera e a disseminar-se muito mais pela população mundial.

 

O coronavírus de 2019 (com o nome oficial COVID-19) é ainda pouco conhecido, podendo originar pneumonia. Foi identificado, pela primeira vez, na China e rapidamente expandiu-se por todo o mundo, embora atualmente tenha como epicentro os países da Civilização Ocidental. É, ainda, preciso mais tempo para estudar, cientificamente, este novo vírus, nas suas caraterísticas e na possibilidade de se alcançar um método de tratamento. O mundo já regista perto de 1 milhão e meio de infetados e milhares de mortos disseminados por muitos países do mundo, cuja expansão geográfica foi facilitada pela globalização das viagens.

 

Em suma, perante este passado delineado dos surtos pandémicos e este último de 2019-2020, torna-se premente a implementação de um conceito estratégico de segurança coletiva universal, no contexto desta frágil globalização sanitária, que potenciou o surto pandémico do COVID-19, apontando para a importância de uma verdadeira coordenação coletiva da ONU/OMS e do seu reforço estratégico como entidade humanitária supranacional, para que se garanta um futuro sustentável da humanidade.   

 Nuno Sotto Mayor Ferrão

O CORONAVÍRUS 2019 (COVID-19) – INFORMAÇÕES ATUAIS E RECOMENDAÇÕES, A GRIPE ESPANHOLA DE 1918-1919 E O LIVRO “A PESTE” DE ALBERT CAMUS

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  1. O Coronavírus e a Saúde Pública

Uma epidemia de doença infecciosa, que se alastra facilmente por uma grande região geográfica como uma doença nova e perigosa, dá-se o nome de pandemia. Presentemente, a Organização Mundial de Saúde ainda não classificou o COVID-19 como uma pandemia.

 

Os coronavírus são um conjunto de vírus, que já se conhecem desde os anos 60 do século XX. A maioria dos indivíduos sofre infeções de coronavírus durante a vida mas como infeções respiratórias leves a moderadas. Contudo, este coronavírus de 2019 (com o nome oficial COVID-19) é ainda bastante desconhecido, podendo originar pneumonia. Foi identificado, pela primeira vez, na cidade chinesa de Hubei, no fim de 2019.

 

É ainda preciso mais tempo para estudar, cientificamente, este novo vírus, nas suas caraterísticas e na possibilidade de se alcançar um método de tratamento. Desconhece-se, na comunidade internacional, neste momento a origem da infeção. A sintomatologia é idêntica a uma gripe, constando de febre, de tosse, de falta de ar e de cançaso. Em situações mais complicadas, pode dar origem a uma pneumonia grave com insuficiência respiratória, falência dos rins e provocar mesmo a morte.

 

É de 2 a 14 dias o período de incubação da doença, desde a infeção inicial do COVID-19 até ao surgimento de sintomas, daí a recomendação de se fazer um tempo de quarentena de duas semanas para pessoas provenientes de regiões ou de países com muitas pessoas infectadas.

 

A transmissão faz-se através de contacto pessoal e o tratamento destina-se a debelar os sintomas dos doentes. O uso de antibióticos é contraproducente no tratamento do COVID-19, dado que estes não curam vírus e a sua utilização poderá aumentar a resistência futura a antibióticos.

 

Já neste século XXI, em 2002-2003 e em 2012, se verificaram, no mundo, surtos de coronavírus provocado pelo SARS-CoV e pelo MERS-CoV, tendo provocado infeções respiratórias graves. Não existe ainda vacina para o COVID-19.

 

É conveniente adoptarmos, todos nós caríssim@s concidadãos, algumas medidas de proteção e prevenção para diminuir o risco de sermos contagiados pela doença: a higiene frequente das mãos; ao tossir e ao espirar cobrir a boca com um pequeno pano para evitar a difusão de gotículas difusoras da doença; manter uma distância social de pelo menos 1 metro diante de doentes infectados, ou diante daqueles que tossem ou manifestam sintomas febris; evitar tocar nos olhos, no nariz e na boca antes de lavar as mãos, pois se alguma superfície tiver sido contaminada poderemos contrair a doença; se tivermos febre ou dificuldade em respirar devemos pedir auxílio médico e o mesmo se tivermos vindo de uma viagem de uma zona de prevalência intensa de proliferação do vírus (casos da China, de Itália, da Coreia do Sul, do Japão ou do Irão); quando visitarmos mercados, de animais vivos, deveremos lavar, muito bem, as mãos e não colocar as mãos nos olhos, na boca, nem no nariz, antes de procedermos à sua higienização; evitemos o consumo de animais crus ou pouco cozinhados; manipulemos os alimentos crus com muita precaução.

 

  1. A pneumónica de 1918-1919

A gripe pneumónica, também conhecida como gripe espanhola, foi a maior pandemia da história da humanidade, tendo provocado a morte de 50 a 100 milhões de pessoas, nos anos de 1918-1919, por todo o mundo. A sua mortalidade foi muito superior à verificada no período da Peste Negra do século XIV. A pneumómica também ficou conhecida como gripe espanhola, visto que, no decorrer da primeira guerra mundial, em período de censura de guerra na imprensa europeia, a imprensa espanhola noticiava evidências do surto epidémico.

 

Em Portugal, a gripe pneumónica chegou durante o mês de maio de 1918 e encontra-se muito bem descrita no romance histórico de Francisco Moita Flores – Mataram o Sidónio!. Neste país, algumas regiões foram dizimadas com uma perda populacional da ordem dos 10%.

 

O combate ao surto epidémico, em Portugal, foi dirigido pelo Diretor Geral de Saúde, Ricardo Jorge, que deu nome ao atual Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, que nestes dias tem feito análises aos cidadãos que entram em Portugal e são suspeitos da possibilidade terem contraído o coronavírus 2019. A política de Saúde Pública do Doutor Ricardo Jorge passou, na época, por encerrar escolas e proibir feiras e romarias, tendo-se convertido muitos espaços públicos em enfermarias. No entanto, a situação revelou-se bastante caótica, como muito bem nos descreve Francisco Moita Flores no seu referido romance histórico.

 

A gripe de 1918 foi causada pelo vírus influenza A do subtipo H1N1, que se revelou, com muita frequência, mortal. A origem geográfica desta pandemia é desconhecida, ao contrário da atual gripe COVID-19, que consta ter tido o seu início no mercado da cidade chinesa de Hubei. A doença foi detectada, pela primeira vez, a 4 de março de 1918 no Kansas, nos Estados Unidos da América, e em Nova Iorque a 11 de março.

 

Na Europa, as primeiras manifestações da doença verificaram-se, em abril de 1918, em tropas francesas, britânicas e americanas posicionadas em portos franceses, no decurso da primeira guerra mundial. Todas as tropas beligerantes, em confronto, foram dizimadas por este surto infecioso.

 

  1. A parábola literária da obra-prima A Peste de Albert Camus

Este livro publicado em 1947, numa ressonância crítica do que foi a segunda guerra mundial, aborda o horror e a resiliência do ser humano a fenómenos extremos como o de uma peste ou o morticínio bárbaro e inarrável do Holocausto nazi.

 

Esta obra consagrou Albert Camus como um escritor consagrado da literatura contemporânea. A narrativa começa numa manhã de 16 de abril, da década de 40, quando o doutor Bernard Rieux, ao sair do seu consultório, tropeça num rato morto.

 

Esta situação será a manifestação de uma epidemia de peste que se espalhará pela cidade de Orão, na Argélia, a qual será sujeita a um período de quarentena, tal como se verificaram também tempos de quarentena em Hubei, com o isolamento de milhões de chineses, e, em Itália, onde as autoridades reagiram às infecções por coronavírus, isolando 50 mil pessoas em povoações do norte do país. A cidade de Orão tornou-se um local claustrofóbico, em que os seus habitantes foram tomados por estados de grande sofrimento, ou mesmo, de loucura.

Nuno Sotto Mayor Ferrão

 

Fontes online (consultados em 28.02.2020):

Direção Geral de Saúde - coronavírus

Organização Mundial de Saúde

Wikipédia - Pandemia

Gripe Pneumónica - Ensina RTP

Wikipédia - Gripe Espanhola

A Peste de Albert Camus

RECENSÃO CRÍTICA DO LIVRO “MATARAM O SIDÓNIO!” DE FRANCISCO MOITA FLORES

“(...) Contava-se que o encarregado geral do cemitério da Ajuda sepultou, sozinho, mais de cem corpos com as almas devoradas pela epidemia. Os seus subordinados deitados à terra, e os cadáveres cada vez mais pútridos, cada vez mais exangues, esqueletizados, mirrados, amontoavam-se, provocando o regresso da velha vala comum que os cemitérios municipais tinham jurado extinguir em  nome da individualidade e da dignidade de todos os homens. A vala comum regressara ungida pelos demónios que Mouzinho da Silveira e Rodrigo da Fonseca Magalhães julgaram ter vencido setenta anos antes, quando libertaram os mortos das cercas eclesiais. (...)”.

                                                                  Francisco Moita Flores, Mataram o Sidónio!, Alfragide, Ed. Casa das Letras, 2010, p. 14.

 

Mataram o Sidónio! é um extraordinário romance histórico de Francisco Moita Flores, que parte de uma interessante base documental (o Relatório da Autópsia de Sidónio Pais elaborado por Asdrúbal d’ Aguiar, os Arquivos do Instituto de Medicina Legal e as notícias dos jornais da época) para uma original recriação ficcionada, inovadora, do que foi o assassinato do Presidente da República Sidónio Pais, a 14 de dezembro de 1918.

 

Além de nos trazer uma constante dúvida metódica sobre o assassínio de Sidónio Pais, contrariando a versão oficial e aquela que primeiro foi acolhida pela historiografia, consegue transmitir-nos um notável retrato do aflitivo ambiente social e político vivido em Portugal, na transição de 1918 para 1919.

 

De facto, o autor questiona o atual saber historiográfico, contrariando a tese que Sidónio Pais tenha sido morto por José Júlio da Costa, que foi considerado pelos peritos da altura como louco.

 

Na mestria da sua pena de romancista, descreve-nos, com muito realismo, o flagelo público que foi a pandemia gripal “influenza pneumómica”, que em Portugal terá ceifado mais de cem mil pessoas, conseguindo tecer um enredo com bastante suspense policial imbrincado num desenlace amoroso entre o médico legal Asdrúbal d’ Aguiar, o protagonista, e a jovem Ana Rosa.

 

Nesta prosa fluente, o enredo policial e o sentimental cruzam-se, prendendo o leitor pelo “suspense”, pelo elevado sentido de humor e pelos vivos diálogos que se prestam nos livros de Francisco Moita Flores à dramatização na tela cinematográfica.

 

Neste fascisnante romance, durante o desenlace do mistério que rodeou o homicídio de Sidónio Pais, brilhante matemático e controverso político, que o médico legal Asdrúbal d’ Aguiar seguiu de perto, acompanhou-o, concomitantemente, profissional e intimamente o flagelo público conhecido por gripe pneumónica, que dizimou milhares de vidas na cidade de Lisboa e a sua própria esposa, no livro. Também no estrangeiro a sua ação foi fatídica, mas na trama do romance acabou por ceifar a vida de alguns entes queridos do protagonista.

 

Assim, é um romance histórico lindíssimo na tradição de Alexandre Herculano, de quem Francisco Moita Flores esteve bem próximo, simbolicamente, até por ter sido Presidente da Câmara Municipal de Santarém.

 

Esta obra de ficção, alicerçada num aprofundado conhecimento histórico - e não nos esqueçamos da formação humanista do autor -, evidencia-nos que os assassínios políticos até ao “consulado” Sidonista, comuns no conturbado período da 1ª República, eram desvendados através de falsos testemunhos obtidos sob a ação da tortura, e que foi, precisamente e de forma paradoxal, sob a alçada política do Rei-Presidente, como o evocou Fernando Pessoa, que se criaram os Institutos de Medicina Legal de Lisboa, Porto e Coimbra e a Polícia de Investigação Criminal destinada a produzir prova científica dos homicídios.

 

O autor tem já o seu trabalho literário amplamente reconhecido com a tradução de livros em várias línguas, com prémios ganhos e com a conquista do galardão de Grande Oficial da Ordem do Infante, que lhe foi atribuído pela República Portuguesa.

 

Não obstante, este romance constitui uma obra-prima da literatura portuguesa contemporânea do século XXI, apesar do tom excessivamente laicista tão típico de um maçon, como é reconhecidamente Francisco Moita Flores.  

 

Nuno Sotto Mayor Ferrão

 

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