O VANGUARDISMO ARTÍSTICO DE JOSEPH M. W. TURNER (1775-1851) E A EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA “O TRAÇO E A COR” PATENTE NO MUSEU CALOUST GULBENKIAN
Joseph M. W. Turner foi um pintor inglês do Romantismo, nascido no fim século XVIII e amadurecido no século XIX, que se destacou como precursor de correntes estéticas da pintura do fim do século XIX e do XX (Impressionismo e Abstraccionismo). Em Portugal, o Museu Caloust Gulbenkian, em Lisboa, possui obras suas devido ao interesse do coleccionador arménio, aliás, na Exposição temporária “O traço e a cor”, podemos apreciar algumas obras suas menos conhecidas.
No fim do século XVIII, Turner ingressa na Real Acadamia das Artes de Londres e começa a revelar a sua propensão para a pintura paisagística e a deixar-se inspirar pelas pinturas exteriores de Lorrain e de Poussin, vistas no Museu do Louvre. Iniciou-se na pintura, ainda adolescente, e dedicou-se à representação de paisagens com uma intensidade emocional que transparecem em muitas das suas obras de cores fortes e de luzes sugestivas à contemplação, ao mesmo tempo em que vai revelando uma personalidade marcada por uma forte misantropia.
O seu tema pictórico preferencial era a paisagem e as incidências lumínicas nas cores, que produziram quadros de uma inegável beleza estética. Neste sentido, estudou os paisagistas holandeses do século XVIII, mas a sua inata criatividade permitiu-lhe antecipar algumas tendências estéticas que só se evidenciaram umas décadas mais tarde. Também frequente é o tema das ruínas tão do agrado dos autores Românticos, tal como no-lo demonstra a exposição temporária de desenhos e aguarelas agora patente no Museu Calouste Gulbenkian.
A representação da cidade de Veneza, que visitou em várias viagens, inspirou uma panóplia de pinturas, que apresentamos num vídeo acompanhado da simbólica música de António Vivaldi. Igualmente, as cenas marítimas estão bem presentes na sua pintura, pois a Inglaterra era um potentado marítimo pelo imenso império colonial que possuía.
Os seus estudos pictóricos de momentos atmosféricos de inolvidável beleza tornaram-no um pintor famoso que esbateu o contorno de figuras e de objectos, antecipando as tendências dos pintores impressionistas do fim do século XIX. Apesar de ter vindo a falecer na solidão, a Inglaterra votou-lhe um justo reconhecimento ao colocar as suas obras nos principais Museus Britânicos de Londres e ao dignificá-lo, postumamente, com uma sepultura na Catedral de São Paulo.
Nuno Sotto Mayor Ferrão